Som na Caixa

Rage

Speak Of The Dead
(Nuclear Blast/Laser Company)

ragespeakO Rage é uma banda clássica para o heavy metal mundial e já ultrapassou os vinte anos de estrada, com o líder do grupo, Peter “Peavey” Wagner encarando as formações e fases mais diversas. Desde que o grupo virou um trio, completado por Victor Smolski (Mind Odyssey), na guitarra, e pelo o rodado baterista Mike Terrana, tem enveredado pelo rock progressivo pesado com origem remota do Rush circa anos 70. Foram assim os álbuns “Unity” (2002), este mais apurado, e “Soundchaser” (2003), nem tanto.

Mantendo a mesma linha, mas ainda assim inovando, este “Speak Of The Dead” traz de cara um “suíte” com mais de vinte minutos de duração dividia em oito partes, com direito a gravação de orquestra na Bielo-Rússia – terra natal do guitarrista - e efeitos eletrônicos sutis. “Suite Lingua Mortis” é uma verdadeira peça do rock progressivo contemporâneo, e não fica devendo nada a trabalhos semelhantes de artistas identificados com o prog metal, nem a grupos dentro do heavy metal que usam a música erudita como mote. Com boa parte instrumental, encanta pela precisão técnica e pelo bom gosto dos arranjos, embora seja, em algumas passagens, de pouco apelo pop, no melhor dos sentidos.

Na segunda parte há a evidente intenção de colocar as músicas mais pesadas, muito embora o estilo virtuose/técnica/escalas inusitadas prevaleça na maior parte do tempo. Isso não impede, contudo, que refrões colantes como os de “Full Moon” e “Be With Me Or Be Gone”, aliás, uma das especialidades do Rage e de Peavey, marquem presença. E nem que se tenha músicas semibabas para levantar platéia em festival, como “Soul Survivor”, que é mais um achado desse disco. Outras faixas legais são a excepcional “Kill Your Gods” e a própria “Speak Of The Dead”. O ponto fraco vai para “La Luna Reine”, versão em espanhol para “Full Moon”. Não precisava.

No fim das contas o único defeito – nem tão gritante assim – é a lacuna que permanece, depois de uma audição completa, entre as duas partes do disco, como se tivéssemos de volta os lados A e B dos tempos do LP. Talvez fosse melhor a banda planejar ou um disco todo conceitual, como a primeira parte desse álbum, ou partir para as músicas do tipo, digamos, “convencional”, como na segunda. Isso, claro, não tira o mérito de mais este bom álbum do Rage versão século 21.

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