Stoner rock
A estética americana contra-ataca
Matéria publicada na Rock Press número 30, de dezembro de 2000, apresentando o gênero aos leitores. Foto: Reprodução internet.
Junte riffs do Black Sabbath, psicodelia da década de 70 e longas jams de guitarra, em músicas que podem ultrapassar os dez minutos. Adicione a estética flower power dos 60, com carrões e motos envenenados atravessando grandes desertos, e você terá a mais nova facção do rock made in America: o stoner rock. A formação das bandas adeptas do stoner rock costuma ser um trio, ou no máximo um quarteto, em que eventuais teclados podem aparecer, e o vocalista também é opcional. O que importa é baixo, guitarra e bateria, tudo no talo.
Já identificado há cerca de 10 ou 15 anos, o estilo tem como precursor o tripé formado por Kyuss, Soundgarden e Cathedral, grupos de origens distintas, mas que convergiram para o mesmo tipo de som. Mas não fica só nisso. Outras bandas ajudam na construção do stoner rock, estilo mutante e ainda em formação, considerando-se que possui grupos originários de várias tendências da música contemporânea, do blues ao heavy metal, do grunge ao hardcore, passando até pela hot rod music.
Embora já tenha se espalhado pelo mundo afora, com ecos na Europa e até no Brasil, o stoner é tipicamente americano, onde existem várias gravadoras que praticamente só têm em seu cast bandas afins, como a Tee Pee e a Mia Records, de Nova York. Algumas delas já lançaram coletâneas reunindo os principais nomes, e revelando ainda outros mais obscuros.
A Rock Press não mediu esforços para identificar raízes, influências, tendências e desdobramentos da vertente que está sacudindo o mercado do rock em todo o mundo. Para você, leitor, ficar por dentro de tudo, e, o mais importante, antes. Enjoy it!
Kyuss
A formação original do Kyuss, com John Garcia, vocal, Nick Oliveri, baixo, Josh Homme e Brant Bjork, ex-Black Flag e Misfits, bateria, data de 86, no deserto californiano de Palm Springs. Desde o começo apresentaram um som retrô, com sólidas bases no blues e peso tipicamente anos 70. Ao mesmo tempo em que o som do grupo lembrava as partes mais lentas do Black Sabbath, suas músicas carregavam uma certa intensidade, climática e moderna, o que lhe daria a identidade necessária.
Ao todo, o Kyuss lançou quatro álbuns, “Wretch” (91), “Blues For The Red Sun” (92), gravado ao vivo no estúdio, em praticamente um único take, “Sky Valley” (94), já com Scott Reeder no baixo e Alfredo Hernandez na bateria, e “…And The Circus Leave Town” (95). Em 98 foi lançada a coletânea “Queens Of The Stone Age”, com sobras de estúdio. O título mais tarde daria o nome à banda liderada por Josh Homme.
Embora tenha excursionado com nomes do quilate de Misfits, Faith No more e Metallica, o Kyuss acabou atropelado pela avalanche grunge e perdido em meio a emersão do thrash metal na mídia, passando batido para a maioria do público, e encerrando suas atividades em 95. Somente com a evolução de outras bandas como o Soundgarden é que o grupo passou a ter certo reconhecimento, até se tornar, de uma hora para a outra, a principal referência para a geração stoner. Seus ex-integrantes também aderiram ao estilo: John Garcia montou o Slo-Burn, Brant Bjork entrou para o Fu Manchu, Scott Reeder formou o Nebula, e Josh Homme chegou a lançar um álbum solo, “Instrumental Driving Music For Felons”, em 97, antes de montar o Queens Of The Stone Age.
Soundgarden
De toda a geração grunge, o Soundgarden foi o que mais se aproximou do heavy metal/heavy rock. Embora tenha começado como uma autêntica banda de garagem, e lançado álbuns em que o esporro e a gritaria tiveram predominância sobre qualquer outra característica, o Soundgarden lançou álbuns altamente palatáveis para o mercado, como Superunkonwn (94) e Down On The Upside (96).
Mas foi “Badmotorfinger”, de 91, identificado com o metal e abusando das referências ao Sabbath, que acabou sendo a maior influência para o stoner rock, além, é claro, dos ecos setentistas encontrados também nos dois (já citados) últimos álbuns. Os solos longos e cheios de riffs, o peso lento e arrastado, os vocais firmes e a estética psicodélica, sobretudo nos vídeos, são as principais influências que germinaram no stoner rock. O batera Matt Cameron hoje toca com o Pearl Jam; Kym Thail, guitarra, entrou para o WTO Combo, de Jello Biafra, e o vocalista Chris Cornell defende uma modesta carreira solo.
Cathedral
Quando deixou para trás o Napalm Death, o vocalista Lee Dorrian partiu para montar um novo projeto, com Mark Griffithis, baixo, Gaz Jennings e Adam Lehan, guitarras e Bem Mockrie, bateria. Ninguém no mundo do metal, nem mesmo o mais ardoroso fã, poderia imaginar que Lee montaria o Cathedral, grupo que investiu pesado no heavy underground dos anos 60/70, com ênfase, é claro, no Black Sabbath do início de carreira.
Com mudanças constantes em sua formação, somente no segundo álbum, “The Eternal Mirror” (93), aclamado por público e crítica, o Cathedral mostrou suas reais referências, sempre sob uma temática psicodélica e sinistra, fato que identificou o grupo com as bandas de doom metal daquele momento. Esse álbum, somado a “The Carnival Bizarre” (95), representa a principal referência para a geração stoner.
Nebula
O grupo, que é de Los Angeles, começou a se formar como um projeto paralelo do Fu Manchu, com Mark Abshire e Ruben Romano, baixo e batera, respectivamente, como integrantes comuns, lá pelos idos de 96. A formação se consolidou com a entrada do guitarrista Eddie Glass, vidrado em distorções e amplificadores.
As viagens propostas pelo Nebula lembram muito a psicodelia do Cream, no final dos sessenta, mas com o peso de um Ted Nugent, considerando o mercado contemporâneo. Mas, diferente de outros grupos stoner, o Nebula não faz músicas tão longas, e é considerado por muitos como “punk”, em meio ao stoner rock. Tocando em algumas espeluncas na Califórnia, o grupo atingiu notório reconhecimento pelas suas eletrizantes performances ao vivo, nas quais os ruídos produzidos o associam a Sonic Youth & cia.
O trio tem a mania de lançar EPs e álbuns por gravadoras diferentes, além de participar de várias coletâneas stoner, como “Stoned ®Evolution – The Ultimate Trip” e “In The Groove”. Seu trabalho mais característico é “To The Center”, lançado pela “grunge” Sub Pop, e produzido por Jack Endino, que traz como curiosidade a cover para “I Need Somebody”, dos Stooges, uma de suas influências.
Orange Goblin
Definida pelos próprios integrantes como “uma banda que nasceu muito tarde”, a Orange Goblin foi criada em 95, por fãs de heavy metal, sobretudo sua facção mais lenta e climática, o doom metal. Influenciados diretamente por Cathedral e adjacências, foi justamente o vocalista Lee Dorrian quem descobriu o grupo (quando ainda se chamava Our Haunted Kingdown) tocando em pubs no subúrbio de Londres e os indicou para um contrato com a gravadora Rise Above.
Assim, saiu o EP “The Aquatic Fanatic”, dividido com o Electric Wizard, que resultou numa tour com grupos famosos como o próprio Cathedral. Em setembro de 97, saiu o primeiro álbum, “Frequences From Planet Ten”, já sob o nome Orange Globin. A mídia inglesa, e depois a mundial, se perdeu ao definir o som do grupo como “um medley entre Pink Floyd e Black Sabbath, de um jeito pesado”.
A formação do Goblin é Ben Ward, vocais, Joe Hoare e Peter O’Mally, guitarras, Martyn Millard, baixo, e Chris Turner, bateria. Em 98, o segundo álbum, “Time Travelling Blues”, conquistou de vez o mundo, colocando a Inglaterra no mapa da cena stoner mundial. A capa, com uma moto estacionada muito perto de uma grande angular, em um deserto, sob um límpido céu, traduz muito bem a estética stoner.
Spiritual Beggars
Tal qual o Orange Goblin, o Spiritual Beggars chegou ao stoner rock via death metal. Iniciou suas atividades em 92, como um projeto de Michael Amott, que tocara no carniceiro Carcass, e apenas queria levar um som com seus amigos. Junto com o som contemporâneo aos anos 90, grupos como Captain Beyond, Deep Purple e Mountain eram frequentemente citados nesses ensaios, até que a coisa começou a ganhar um certo formato.
Com a formação consolidada com Michael Amot, guitarra, Spice, baixo e vocal, e Ludwig Witt, bateria, o primeiro CD, que leva o nome do grupo, foi lançado em 94, com grandes citações ao trio canadense Rush, mas com o peso de um certo Black Sabbath. “Another Way To Shine” (96), o segundo álbum, demonstra uma certa maturidade ao passo que o som praticado pelo quarteto adquire características próprias.
Mas é “Mantra III”, de 98, que conquistou o merecido reconhecimento e elevou o Beggars a um papel relevante na cena stoner em todo o mundo. O mais novo lançamento, “Ad Astra”, mantém a estética hippie/flower power, e aproxima-os mais ainda do velho Sabbath.
Fu Manchu
A atual formação do Fu Manchu data de 97, e conta com Scott Hill, vocais e guitarra, Bob Balch, guitarra solo, Brad Davies, baixo, e o ex-Kyuss Brant Bjork, bateria. No entanto, o grupo nasceu há dez anos na Califórnia, sob a firme batida do batera Ruben Romano (atualmente no Nebula), contrapondo-se ao vocal de Scott Hill, atraindo uma galera que não queria nada além de curtir uma sonzeira com letras sobre carrões, fliperamas e pessoas estranhas de uma forma geral.
Dividiram o palco com gente famosa, como o próprio Kyuss, Monster Magnet e White Zombie, entre vários outros. Veterana, foi uma das bandas que começou apostando no hardcore, mas com o tempo foi sofisticando o som, até ser identificada pela crítica americana como um dos pilares do stoner rock. Reconhecida em todo o mundo, o Fu Manchu não é ainda uma banda top, mas desfruta de prestígio entre os independentes, tendo lançado muitos álbuns e participado de várias coletâneas.
Gov’t Mule
Diferentemente de outras bandas que se encontraram dentro do stoner rock, o Gov’t Mule nunca esteve perto do heavy rock, não apresentou nenhuma semelhança com o Black Sabbath, e nem tem como principal característica a psicodelia dos anos 60. A base desse power trio sulista vem, é verdade, do blues. Formado por Warren Haynes, vocal e guitarra, Allen Woody, baixo, e Matt Abts, bateria, o grupo lançou o primeiro álbum em 95, com o mesmo nome. Em seguida, tocaram no Brasil, em 96, no finado Nescafé & Blues, em duas apresentações, no Rio e em São Paulo. No mesmo ano saíram com um ao vivo, gravado no Riseland Ballroom, em Nova Iorque, com seis músicas em mais de sessenta minutos, capturando toda a energia dos shows. Prolíficos, colocaram no mercado “Dose” e “Live… With a Little Help From Our Friends”, ambos de 98, e um duplo ao vivo, também em 98, e “Life Before Insanity”, em 2000.
Apesar de vir de uma origem distinta, o Gov’t Mule contribui para o stoner rock na medida em que valoriza jams, riffs de guitarra e o peso descompromissado adotado por seus integrantes. Infelizmente, antes do fechamento desta edição, chegou-nos a notícia da morte de Allen Woody, 44, sob circunstâncias não esclarecidas.
Karma to Burn
Vindo do Estado da Virginia, esse é sem dúvida um dos mais peculiares grupos enquadrados no stoner rock. Formado em 94 por quatro fãs confessos de Lynyrd Skynyrd, rapidamente conseguiu um bom entrosamento, só que ninguém ali sabia cantar. Mandaram demos para várias gravadoras, com um instrumental poderosíssimo, quase heavy metal, mas sem vocalista e, por tabela, com músicas sem títulos, identificadas somente pelos respectivos números.
Assinaram com a Roadrunner em 96, contrataram um cantor, e passaram a titular as músicas, muitas delas já conhecidas dos shows. O homônimo álbum de estréia foi um fracasso, uma equivocada tentativa da Roadrunner de pautar o som do Karma de acordo com suas perspectivas mercadológicas. O resultado não poderia ser outro: a gravadora foi abandonada, demitido o vocalista, e resolveram gravar um álbum só com músicas instrumentais, como no começo, somente com números como títulos.
Acolhidos pela Meca do stoner, a gravadora MIA Records (NY), lançaram o excelente “Wild Wonderful Purgatoty”, em 99, como uma banda produzindo antigos ideais. O álbum é algo realmente gratificante para quem sempre espera algo de ousado dentro do rock, considerando ser absolutamente o primeiro de música pesada totalmente instrumental, e mais ainda, com riffs que fazem lembrar os bons tempos de Dick Dale. A ponte perfeita, ou melhor, o início do atalho entre heavy metal e surf music.
Monster Magnet
Não há dúvida de que o Monster Magnet é também um dos precursores do stoner rock, embora o início de sua carreira, e depois, ainda alternadamente em alguns álbuns, o grupo esteve muito próximo do rock básico, dada a economia de suas músicas. O grupo data de 89, época em que teve o som rotulado como “space rock”, o que até hoje confunde muita gente. Com o surgimento de outras bandas, identificadas de certa forma com o Monster, o termo stoner rock passou a ser adotado, colocando o grupo nos mesmos patamares de Soundgarden, com quem excursionou nos States.
A grande virtude do Monster Magnet foi unir a psicodelia dos anos sessenta com a energia pré punk, Hawkwind com Stooges. O resto foi evoluindo com boas pitadas, é lógico, de Black Sabbath. Embora tenham fincado carreira no circuito da música pesada, não conseguiram se firmar dentro do mercado, e, na verdade, até hoje não lançaram um álbum que resultasse em uma empatia por parte do público, e que desse o destaque que o estilo e os anos de estrada lhes conferem. É o tipo de banda que não estoura, mas serve de escada e referência para outras. No stoner rock, é citada por todos como ponto de partida, fato não captado ainda pelo próprio Monster Magnet. Atual formação: David Wyndorf, vocal e guitarras, Joe Calandra, baixo, Ed Mundell e Phil Caivano, guitarras e Jon Kleinman, bateria.
Queens Of The Stone Age
Mesmo sendo o menos stoner dentre todos os nomes aqui citados, não dava para deixar de fora o Queens Of The Stone Age. Primeiro por razões históricas, pois o grupo foi criado por ninguém menos que Josh Homme, guitarrista do Kyuss, aqui também cantando. Depois, porque o QOTSA é o primeiro a assimilar diferentes influências dentro de sua proposta, e a acenar para outros rumos, que não os do stoner rock. E, por fim, porque o grupo está surpreendentemente escalado para a chamada “noite do metal” do Rock In Rio.
O fim do Kyuss, em 95, levou seus integrantes a tocarem com outros grupos, a maioria ou identificado ou à sombra do próprio Kyuss. Josh Homme queria uma sequência menos óbvia para seu trabalho artístico. Participou de uma tour junto com o Screaming Trees e começou a compor novas músicas com Alfredo Hernandez, último batera do Kyuss, gravando-as numa demo, com um certo Carlo no baixo, que logo daria lugar a Nick Oliveri, velho amigo do embrião do Kyuss e que estava no Mondo Generator, outro da cena stoner americana.
Em 98 lançaram o primeiro álbum, simplesmente “Queens Of The Stone Age”, que passou batido no mercado americano, mas “Rated R”, o segundo, tem recebido os mais rasgados elogios em todo o mundo. A bolachinha é uma verdadeira comunhão entre vários amigos tocando juntos, com infindáveis participações especiais, como a de Rob Halford e a de Mark Lanegan, do já citado Screaming Trees, além de Chris Gross, co-produtor, ao lado de Homme.
O segredo do QOTSA é a fusão do estilo stoner, despojado e espontâneo, mas sem os (para eles) exageros contidos nas longas jams que se tornaram as músicas do estilo, com o pop contemporâneo. “Rated R” é um álbum econômico, com 11 faixas totalizando cerca de quarenta minutos. E com referências às mais diversas tendências atuais, como o minimalismo do novo metal, efeitos pré-gravados e percussões. Mas estão ali também o Sabbath, o Kyuss e toda a guitarreira, e o baixo super denso, tipicamente stoner. A atual formação conta com Josh Homme, guitarra e vocais, Nick Oliveri, baixo, Gene Trautmann, bateria, e Dave Catching, guitarra e teclados.
E ainda…
COC: Nasceu Corrosion Of Conformity, como uma banda de hardcore, Os primeiros traços stoner estão no álbum “Deliverance”, de 94;
Clutch: Outro grupo precursor do estilo, experimentalista da música pesada. Com o tempo tem flertado com o stoner rock.
Chrome Locust: Da Tee Pee/Mia Records, o gafanhoto cromado tem referências ao hardcore, num trabalho mais sujo;
Atomic Bitchwax: Já no segundo álbum, é um power trio que praticamente não tem vocais, e desafia os limites do tempo em suas músicas;
Terra Firma: Pioneiro do stoner na Suécia, berço da música pesada européia, o Terra Firma leva o stoner para um lado mais virtuoso do estilo;
Roadsaw: Outro power trio americano, na ativa desde 93. Usa recursos da música country e também faz parte do cast da Tee Pee/Mia Records;
Fato Jetso: Conterrâneo do Kyuss, já tem certo reconhecimento no underground. Sua música pode ir do hardcore ao revival setentista, tudo com muito peso, é claro;
Goatsnake: Formado por remanescentes do Obsessed, o Goatsnake é um dos que chegaram ao stoner rock via metal. Tem sido citado como uma das revelações da cena;
Clearlight: De Nova York, o Clearlight faz um trabalho todo instrumental, com a inclusão de órgão Hammond, e os dois pés fincados nos anos 60, em jams gravadas num só take;
Mondo Generator: Projeto de Nick Oliveri, baixista do Queens Of The Stone Age, com integrantes do Fu Manchu, Karma to Burn e do próprio QOTSA. Espécie de super banda stoner;
Santeria: Banda americana famosa pelas apresentações ao vivo, com dois bateristas na formação. Outra “das antigas” que busca reconhecimento;
Evil Motor: Vindo do Rio de Janeiro, é o primeiro foco do stoner rock no Brasil. O grupo carrega forte influência de Soundgarden e Kyuss, e teve seu primeiro álbum, “Atomic Vacum”, lançado pela Tamborete.
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