Rejects
Novíssimo trio natalense revira as gavetas dos anos 90 para fazer um som pesado e identificado com o pós stoner
Parece estranho. O sujeito monta uma banda, grava músicas num estúdio bacana, produz um EP com uma bela capa, mas, fisicamente, nada disso existe. Assim é o Rejects, poderoso trio que vem de Natal. Parece estranho, mas não é. Ao menos para os integrantes, veteranos da cena local de tantas bandas que já fizeram e ainda vão fazer, mas que mesmo assim não perderam o gás para tentar algo novo. São eles Júlio Cortez (guitarra e voz), Marcelo Costa (bateria) e Anderson Foca (baixo).
Alto lá… Anderson Foca? Sim, o Foca, que produz o festival Dosol e é praticamente o Roberto Marinho do rock natalense. Além do festival, ele tem uma casa de shows, um estúdio, um site com transmissão de rádio e TV, lança bandas locais e leva o novo rock brasileiro para se apresentar na cidade durante 365 dias por ano. E o cabra ainda cooptou a esposa Ana Morena, também parceira nessas empreitadas, para finalizar um bem sacado vídeo release devidamente lançado no youtube. Pois o algo novo citado lá no início não está só na música, não. Tá no jeito em que ela é apresentada também. É a forma reforçando o conteúdo, como diziam os mestres da comunicação antes dessa revolução que colocou tudo ao alcance do clique. Parece estranho? Não é.
O EP, intitulado “Devil’s Corner”, foi liberado para todo mundo baixar, e quem já fez o download se surpreende ainda na fase de descompactação dos arquivos, onde só uma faixa aparece, com quase 12 minutos de duração. Como assim? É a voz de Foca que explica no tal vídeo release. Os caras gravaram as quatro primeiras músicas que tinham de uma vez só, uma depois da outra, emendadas. Preguiça, falta de saco na hora de produzir? Não, conceito estético mesmo. Foca é um sujeito multifuncional, mas não é pedreiro nem tem nada contra Roger Waters. Só que sabe fazer (e adora) paredes de guitarras, e é isso que realça no som dos vomitados. Parece estranho, e é.
Curioso como as muralhas sônicas do Rejects podem se identificar tanto com o pós stoner do Pelican, como com o Cathedral, que encontrou ponte entre o metal e o stoner, anos atrás. Cantando, Júlio, em “Fade Away”, é uma espécie de Lee Dorian das dunas que também encarna uma versão light de Tom Araya. Pensando bem, não seria absurdo transpor os desertos americanos, cenário do stoner, para as dunas da capital brasileira do sol. Mas é preciso dizer que, ao mesmo tempo, o trio resgata o metal bate estacas que antecedeu o nu metal de Prong, Helmet e afins, sobretudo em “The Crawl/Sick Lies”. Pois é, além de juntar todas as músicas numa só, duas delas aparecem siamesas já no título. Estranho…
A formação é novíssima. Vejam vocês que só em abril o trio inaugurou um fotolog, em maio a página no myspace.com e em julho o youtube passou a estrelar o clipe para a faixa título do EP, também produzido pela duplinha sensação Foca & Ana Morena. Mas semana que vem tem mais: outro EP, “Green”, dessa vez com cinco faixas e no formato físico também. As imagens do clipe mostram certo apego ao grunge, reforçando uma nostalgia noventista sugerida pela música – só falta o Foca sacar aquela camiseta surrada do Weezer. Se Seattle foi a cidade distante dos grandes centros que ensinou o mundo a fazer boa música por conta própria, é por aí mesmo que vai tantas outras pelo globo, inclusive Natal com seus Rejects. Parece estranho, mas não é.
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Eu saco essa galera e dô o maior valor, velho
Meu Deus, Bragatto, que honra, hein? E olhe que não sou da banda!
Lindo lindo lindo. É a minha banda preferida de Foca, sem dúvida. A voz de Júlio, a batera de Marcelo, a criatividade e musicalidade do foca casaram perfeitamente.
Rock, alto, duro, mau. Música de macho! ahahahahaha :P
Foca é o cara que movimenta a cena underground natalense. Hoje o Festival DoSol é um dos melhores festivais do país.
Tom Araya, Pelican, Helmet, Prong, Stoner, Grunge…
Choreiiiiiiiiiiiiii… eheheehhee