Friendly Fires faz show movimentado no Rio
Cerca de 1100 fãs prestigiaram a próxima grande sensação do rock inglês, ontem, no Circo Voador, dentro da Popload Gig, com abertura de Copacabana Club e Brollies & Apples; evento tem versão paulistana na próxima segunda. Foto: Reprodução/internet
O grupo não tem gravadora nem música tocando em rádio, mas é um dos queridinhos nas noites em que o os DJs priorizam o rock e nos HDs dos descolados. Foi o bastante para o Friendly Fires carregar cerca de 1100 pessoas, segundo a produção, para o Circo Voador, ontem, no Rio, seguramente num dos shows de novas e desconhecidas bandas mais concorridos dos últimos tempos. Foi a versão carioca para a Popload Gig, capitaneada pelo jornalista e descobridor de hypes Lúcio Ribeiro, em sua segunda edição – a primeira a passar pelo Rio.
O Friendly Fires talvez seja a melhor tradução do encontro entre o indie rock britânico com as pistas de rock, lugar também perseguido por grupos já consagrados como Keane e Franz Ferdinand. É com este último que o FF se assemelha (e não só no duplo F), já na indumentária moderninha/retrô exibida pelo vocalista Ed Macfarlane, um figuraça que dança de forma desengonçada - dizem que frequenta aulas de samba numa escola londrina. A performance funciona muito bem, a despeito de ele ter boa voz e agitar o público durante todo o set. Britânico até os ossos, Ed entrou no palco pedindo desculpas pelo atraso, sem saber que isso é praxe no templo do rock carioca. Além do trio, um baixista de apoio e um naipe de metais que parecia contratado aqui mesmo no Brasil completavam o palco, curiosamente com a bateria montada de lado, na lateral.
A abertura com “Lovesick” foi a senha para o que se repetiria durante o curto show, que durou menos de uma hora: público eriçado cantando todas as músicas junto com a banda, como se ela já tivesse clássicos unânimes. Bem, nesse contexto, tem, sim, e Ed logo viu o apreço que o público brasileiro tem por ele, de certa forma recíproco, se levarmos a sério que, segundo ele, a banda foi “montada para tocar no Brasil”. Talvez ele se referisse ao arranjo de “In The Hospital”, decalcado da Banda Vitória Régia ou de um dos discos de Jorge Ben circa anos 70, enfatizado pelos metais. Ou ainda aos instrumentos de percussão que todos ostentam, meio sem jeito: agogô, chocalho, tamborim…
“Jump In The Pool” e “Skeleton Boy”, ainda na parte inicial, causam verdadeiro frenesi no público, e até uma música nova é apresentada, trazendo um belo riff de guitarra na introdução – cantarolada por Ed – e uma paradinha à escola de samba das mais exóticas, para usar uma expressão que o vocalista adora. Poderia parecer simples “batucada com alemão no samba”, mas soa muito bem porque jamais o grupo deixa de lado o sotaque inglês da música. Em “On Board” o Circo, que ganhou decoração de discoteca, quase se transformou numa grande rave, e o hit (tem um maior que os demais?) “Paris” fechou a noite em clima de festa e levou um fã a subir no palco, com mosh frustrado. No bis foi o próprio Ed Macfarlane que não resistiu e se jogou ao público, depois de tocar uma única música, um pós punk daqueles de se dançar com a parede. Vai entender…
Antes, o curitibano Copacabana Club mostrou que também sabe fazer rock para dançar, embora misture tanto que por vezes se perde em meio a tantas batidas diferentes – até um pálido funk carioca entrou na parada. Mesmo com uma perna enfaixada, a vocalista Caca V agitou a platéia e saiu aplaudida. Já o Brollies & Apples, na abertura, bem que se esforçou, mas passou batido. Embora formado por músicos experientes, o grupo não conseguiu se afinar, numa proposta desequilibrada, onde o mau gosto supera as expectativas. É muito entorno para pouco conteúdo, e ajustes serão bem vindos.
A Popload Gig 2 acontece amanhã em São Paulo, no Studio SP. Mais detalhes aqui.
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