Dois mundos que se fundem
Cada vez mais as expressões “mundo real” e “mundo virtual” caem em desuso para se transformar numa coisa só; está por dentro quem não consegue entender.
Meus amigos, o tempo passa, o tempo voa, e já estamos em outubro. Eis que entramos no trimestre final de 2009 como se ainda estivéssemos por começar o milênio. Sem medo de bugs, sem medo das portas abertas da tecnologia e das super estradas de comunicação. Parece que foi ontem, mas era assim que se referiam os decanos ao que hoje conhecemos por internet. Não se previa, há quase dez anos, no entanto, a redes sociais de comunicação, mas hoje elas existem e dominam o dia-a-dia de todo mundo. Ou não?
Às vezes transformo a cuca numa calculadora hipotética e faço as contas. Perde-se mais tempo hoje, acessando o que é preciso acessar na web, ou antes, no mundo “físico”? Vejam que escrevi “perder”, mas já posso substituir o verbo por “gastar” ou até mesmo “ganhar”, dependendo do resultado. O fato é que não é possível, na era da comunicação, deixar de comunicar, e sabemos desde o Velho Guerreiro que quem não se comunica se trumbica. Não quero me trumbicar, meus amigos. Ao menos por enquanto.
Falava da conta e já destrincho. Em média, costumo passar todas as manhãs, antes (ou durante) o café, cerca de hora e meia acessando sites de relacionamento como orkut, twitter e facebook, e checando e-mails, ato primário e pioneiro no mundo virtual. Depois, ou, ao mesmo tempo, hora de dar aquela lida dinâmica nos jornais e em alguns sites que podem dar informações mais “em tempo real”. Só aí, então, hora de colocar a mão na massa e começar a escrever. Na comparação com o mundo dito real, como seria se não fosse assim? Se ganharia ou perderia-se tempo? Provavelmente não teria a assinatura dos três jornais que leio, de uma forma ou de outra, na web. Mas talvez perderia mais tempo folheando um, inteiramente. Ou ganharia?
Faço a comparação entre mundos real e virtual e já volto atrás. Porque cada vez mais é tudo uma coisa só. O computador que eu tenho em casa é matéria, custou dinheiro de trabalho suado, tudo real. Se o texto que eu escrevi nunca viu tinta ou papel, aí são outros quinhentos, mas foi publicado no site X e rendeu o pagamento de parcos reais que, somados a outros tantos, pagam as contas. Tudo no mundo “físico”. Cadeia produtiva e economia em movimento de dentro do computador. Falando assim pareço até os descobridores de pólvora de fora do eixo. Mas não sou, não.
E o rock? E o rock? É o que pergunta, aflito, o leitor de longa data. No que eu respondo: calma, Aderbal. O rock tá no CD novo do Lynyrd Skynyrd que eu acabei de baixar, em exatos 23 minutos, economizando o tempo de sair daqui de casa, ir até uma loja de discos e comprar o CD. Nem vou falar da grana, porque, se o disco for bom e eu não receber de alguma gravadora, vou comprar de um jeito ou de outro. Muito menos do fato de eu poder conhecer o material antes mesmo de o lançamento ter sido feito lá no Primeiro Mundo – a Guerra Fria já acabou há tempos, mas teimo e ainda uso a expressão. Ou seja, melhor, muito melhor assim.
Depende para quem. Porque para aquele que investe em compor, gravar e vender músicas num formato físico está em apuros. Ao menos enquanto a economia não resolver a questão. Sim, meus amigos, porque a solução para esse rolo todo envolvendo artistas, gravadoras, downloads e consumidores de música está no campo econômico, não no artístico. Ou vocês se esqueceram que o que move o mundo capitalista é o dinheiro? Digo isso não em tom desânimo, mas porque, cedo ou tarde, vai se encontrar um jeito de pagar a conta que os artistas, sobretudo os não consagrados, hoje carregam nas costas. Como é que eu não sei, mas o mundo, ainda mais em tempos de internet, sobrevive de boas idéias, e neguinho tá aí é pra inventar moda mesmo.
Comecei falando em mundos real e virtual, mas admito que há algum tempo venho tentando não dizer isso. Porque cada vez mais o mundo volta a ser um só, tudo real. Só que, toda vez que falo isso, descubro que a coisa ainda não é bem assim, não, para o bem ou para o mal. Mas um dia vai ser e é preciso estar atento e forte. Não sei se me faço entender, mas no meio dessa balbúrdia toda, não carrego a exclusividade da confusão. Quem não está confuso é que não tá entendendo nada. Em qualquer um dos mundos.
Até a próxima, e long live rock’n’roll!!!
Tags desse texto: indústria fonográfica, internet