Black Drawing Chalks
Life Is a Big Holiday For Us
(Monstro)
Dizer que existe uma linearidade no som de todas as bandas que vêm de Goiânia seria um exagero e mesmo excludente para muita gente, mas não há como negar que muito do que vem de lá é identificado com o rockão de garagem que pode ser associado ao stoner rock ou ao “rock de verdade”, como dizem os próprios moradores do cerrado. É nesse viés que o Black Drawing Chalks tem se estabelecido como uma das bandas de maior destaque nos últimos tempos. Nesse segundo disco, percebe-se uma evolução razoável, muito provavelmente fruto das turnês que o grupo não se cansa de fazer, prova de que o palco é que faz uma banda de rock evoluir.
O título já traduz uma espécie e way of life do grupo e aponta diretamente para os anos 70. Como se fosse um LP (retrô e moderno ao mesmo tempo), o álbum não passa dos 38 minutos, com 11 porradas diretas; o tal stoner ao qual o grupo é associado não é aquele lento e arrastado de Kyuss e Cathedral, mas o urgente de Nebula e Karma To Burn, e com um pouco de tudo como o Queens Of The Stone Age. Que o diga a apressada “The Legend”, um (pré?) punk rock atualizado, num serviço de demonstração da atemporalidade inerente ao próprio rock. Em todo o CD, que entra voado e sai batido, não sobra uma única balada nem música lenta; nada de suave. É rock. De verdade.
Embora “My Favourite Way” seja a faixa de abertura e tenha virado um videoclipe dos bons, é adentrado o repertório do CD que as melhores faixa aparecem. “I’m a Beast, I’m a Gun” (título apropriadíssimo), decalcada de “Snowblind”, do Black Sabbath, é uma das melhores do disco, graças aos riffs matadores que os rapazes estão aprendendo a fazer com os mestres. Mesmo a econômica “Free From Desire” faz realçar guitarras subliminares que transformam um riff em um excelente trabalho de base até desaguar num solo daqueles quer dá vontade de se jogar dentro. “Life Is a Big Holiday For Us” é, antes de qualquer coisa, um disco de guitarras.
Mas não da guitarra pela guitarra. Há a boa composição e – mais que isso – os arranjos que nem são tão rebuscados assim, mas se aproximam de certos clichês convertidos em vantagens pelas mãos do quarteto. “Finding Another Road” é outra que se diferencia por carregar o groove perdido em tantas outras bandas garageiras, e não deixa a gente esquecer que rock é pra dançar, mesmo quando ele vem em forma de tijolada sonora. Essa, talvez, seja também a grande lição deste álbum do BDC: lembrar que debaixo do esporro indispensável ao rock, existe, antes de tudo, boa música. Que os palcos façam os meninos ficarem ainda melhores.
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Onde consigo baixar o CD dos caras? Não consigo em nenhum lugar!