Mantendo a chama acesa
Ex-baixista do Ramones, CJ Ramone inicia no Rio turnê pelo Brasil em noite pouco concorrida; grupo volta a se apresentar hoje na Rock’n’Drinks. Foto: Reprodução/internet.
Parece que foi ontem, mas já faz 20 anos que CJ Ramone entrou para o Ramones. Agora veterano, CJ iniciou ontem uma nova turnê pelo Brasil, na Rock’n’Drinks, no Rio. A “American Punk”, conforme riscado com giz na parede atrás do palco, é nada mais do que uma pá de músicas dos Ramones tocadas na base do “one, two, three, four”, como bem fazia o grupo que inventou o punk rock. CJ nem pensou em colocar no repertório músicas de outros grupos dos quais participou, como Los Gusanos e Bad Chopper, que também já passaram pelo País. Mesmo assim, não teve uma acolhida muito calorosa pelo pequeno público que se arriscou a ir até Copacabana.
Não por acaso CJ começou e terminou, respectivamente, com músicas símbolo dos Ramones: “Blitzkrieg Bop” e “Pinhead”, esta antes de um bis que parecia que não iria acontecer. Assim como num verdadeiro show do Ramones – como as inesquecíveis vindas ao Rio, em 1992 (Canecão, o show da bomba), 1994 (Circo Voador) e 1996 (Metropolitan) – o baixista pouco falou com a platéia, que, de seu lado, demorou a interagir com a banda. Só no final da apresentação é que as rodas de pogo, gigantes no passado, mas agora tímidas, começaram a pipocar. Numa das poucas intervenções, CJ apresentou o guitarrista Daniel Rey como “o produtor que passou mais tempo que eu no Ramones e é responsável por muitas passagens de guitarra tocadas por Johnny”. O guitarrista da formação original, morto em 2004, deve ter se revirado no túmulo.
Sucessos da fase mais pop do Ramones tiveram vez, como “Pet Sematary”, incluindo músicas da fase de CJ e compostas em parceria com Rey, como “Poison Heart” (Rey no vocal) e “Strenght to Endure”. Já outras famosas, também feitas com a ajuda do guitarrista/produtor, como “I Wanna Live”, ficaram de fora. Embora o show tenha apresentado umas 20 músicas, durou apenas cerca de 40 minutos, e a desanimada platéia pouco se esforçou para gritar o pedido de bis, ainda que incentivada por um dos produtores da turnê. Mas ele veio mesmo assim, com a improvisada “I Wanna Be Your Boyfriend”, “Teenage Lobotomy” e “California Sun”, versão do clássico americano que fez parte da trilha do filme “Rock’n’roll High School”.
A bateria “reta” de Mike Stamberg (Brent Bjork, ex-Kyuss, atualmente no Fu Manchu, ficou nos States gravando um disco solo) não atrapalhou outros sucessos ramônicos como “Beat On The Breat”, “Sheena Is a Punk Rocker” e “Judy is a Punk”. Mas a grande sacada da noite talvez tenha passado despercebida pela maioria. CJ incluiu no set “R.A.M.O.N.E.S.”, talvez a maior canção-tributo que a banda já recebeu, feita pelo genial Motörhead. Embora o show de ontem tenha sido melhor em todos os sentidos, se comparado com o de Ricthie Ramone, que tocou no mesmo local há cerca de um mês, o público não correspondeu nem em quantidade, tampouco em animação. Assim, os parcos 50 minutos ficaram sob medida, e o show serviu para, como costuma dizer o baterista Marky Ramone, outro da formação clássica do grupo, manter a chama acesa.
CJ Ramone volta a se apresentar hoje, na Rock’n’Drinks, em Copacabana, e segue em turnê que passa por Goiânia, Brasília e São Paulo. Mais detalhes aqui.
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