No Mundo do Rock

Atarefado

Loaded, banda do baixista do Velvet Revolver e da formação clássica do Guns N’Roses, Duff McKagan, deve fazer nesta sexta, no Rio, o maior show da turnê pelo Brasil. Fotos: Divulgação.

Jeff Rouse (baixo), Isaac Carpenter (bateria), Duff McKagan (vocal e guitarra) e Mike Squires (guitarra)

Jeff Rouse (baixo), Isaac Carpenter (bateria), Duff McKagan (vocal e guitarra) e Mike Squires (guitarra)

Quando viu que o Velvet Revolver ia demorar parar conseguir um substituto para o vocalista Scott Weiland, e que o guitarrista Slash estava com um disco prontinho para sair em turnê, o baixista Duff McKagan não teve dúvidas: era hora de reativar o Loaded. Ou, se você preferir, o Duff McKagan’s Loaded. O grupo foi fundado em 1999, mas ficou na geladeira quando Duff, em 2002, começou o Velvet Revolver. Só depois de 2008 é que, então, o Loaded deslanchou, tendo lançado dois álbuns: “Sick”, em 2009, e “The Taking”, este ano. No período inicial, foi lançado, em 2001, o álbum “Dark Days”.

McKagan é mundialmente conhecido como o baixista da formação clássica do Guns N’Roses, mas é músico ativo da cidade de Seattle (nada a ver com o grunge) desde o final dos anos 70, sempre metido em grupos punk. Na realidade, passou a tocar baixo para entrar para o Guns, e voltou ao instrumento, porque “é mais fácil para compor e cantar”. Com o Loaded, que tem ainda o guitarrista Mike Squires, o baixista Jeff Rouse e o baterista Isaac Carpenter na formação, já esteve no Brasil uma vez, no Festival Maquinaria, em São Paulo, em 2009. Agora, além do show do SWU, na segunda (veja como foi), o grupo tocou em Porto Alegre, na quarta, e em Curitiba, hoje (17/11), com o Down, que também esteve no SWU.

Foi de um hotel em Porto Alegre que Duff falou ao Rock em Geral, por telefone, na quarta passada. Em meio a cancelamentos e confirmações do show do Rio, o músico deu pistas de como será a apresentação desta sexta, no Vivo Rio, que deve ser a maior da turnê brasileira; das chances de uma volta da formação clássica do Guns N’Roses; da procura de um vocalista para o Velvet Revolver; e da passagem relâmpago pelo Jane’s Addiciton. Confira:

Rock em Geral: Você tocou no SWU na segunda. Como você viu foi o show e a reação do público lá?

Duff McKagan: O festival foi bem legal. Eu estava escrevendo sobre meu artigo para o Seattle Weekly sobe isso ainda agora (leia a coluna aqui, em inglês). Eu tenho vindo ao Brasil nos últimos 21 anos, e percebo como as coisas mudaram. Eu toquei no Rock in Rio de 1991, que foi o primeiro Rock in Rio (na verdade o segundo, o primeiro foi em 1985), e não era muito comum bandas de rock virem ao Brasil. Agora há bandas tocando aqui o tempo todo. Eu vi esse progresso acontecer, nas ruas e na reação dos fãs, que são muito leais. Mas não é como outros lugares, é como se fosse a beatlemania. É uma base de fãs diferente de todas as outras no mundo. E no SWU o público estava muito interessado no que é a sustentabilidade, foi uma coisa muito inspiradora. Mesmo sob a chuva, a plateia estava bem, o que foi incrível e, como eu disse, inspirador. Nos divertimos muito.

REG: Você acha que vocês teriam uma reação melhor se tivessem tocado mais tarde no festival, já que o show foi no início da tarde?

Duff: Ah, eu pego o que eu posso, temos que tocar. Talvez tivéssemos que tocar mais tarde, mas eu não me importo, porque havia pessoas lá que curtiram nosso show, e é isso que interessa para mim.

REG: Vocês tocaram no final do show do Down, entrando no lugar dos músicos deles. É comum vocês fazerem isso nos shows da turnê?

Duff: Vamos tocar hoje em Porto Alegre. Sim, nós já fizemos isso antes, em Bruxelas, na Bélgica, e agora em São Paulo. Agora eu quero encerrar o show deles e tocar bateria, é esse o meu próximo papel. Já toquei guitarra e baixo, agora quero tocar bateria!

REG: Essa é a segunda vez com o Loaded no Brasil, mas é a primeira no Rio, Curitiba e Porto Alegre. O que você espera encontrar nessas cidades, quais as expectativas?

Duff: Eu acho que será muito legal para o Loaded fazer uma boa estreia nessas cidades. Eu nunca estive em Porto Alegre e Curitiba, e o Loaded nunca tocou no Rio, onde vamos fazer um show como headliner, então espero que as pessoas venham nos ver tocar.

REG: Os shows serão maiores que o do festival, então, né?

Duff: Ah, sim, tocaremos por mais tempo. Em festivais o set dura cerca de uma hora, mas como headliner tocamos por cerca de uma hora e meia.

REG: Nesse caso você pretende incluir músicas do Velvet Revolver, já que no SWU nenhuma foi incluída, ou mesmo outras músicas do Guns N’Roses?

Duff: Nós não tocamos músicas do Velvet Revolver. Não há razão para isso, porque é uma coisa muito recente. Acho que não seria legal tocarmos, chegamos a tentar, mas não ficou legal. Mas músicas do Guns nós temos tocado, sim. Quando dá na telha, tocamos covers que não costumamos tocar ou uma música acústica que fizemos há muito tempo. Tocamos muitas coisas diferentes, depende do público mesmo. Vamos muito na onda do que o público quer, as vezes tocamos uma música que não tocávamos por mais de três anos.

Duff McKagan e Axl, nos tempos do Guns N'Roses

Duff McKagan e Axl, nos tempos do Guns N'Roses

REG: Mas quais músicas vocês planejam incluir nesses shows?

Duff: É uma surpresa, rapaz! Quer saber, nós tocamos “Dust N’Bones” em São Paulo, mas acho que não foi muito bem, não sei por que.

REG: Eu achei bem legal, não esperava por essa música no set.

Duff: Você estava lá, é? Não parecia, lá do palco, que o pessoal estava gostando. Você percebe a reação do público lá de cima, e não pareceu que as pessoas estavam batendo a cabeça com essa música.

REG: Fale sobre o novo disco, “The Taking”:

Duff: Eu detesto falar de música com alguém que ainda não ouviu, porque é impossível tentar explicar. Mas posso te dizer que gravamos o álbum com Terry Date, que fez discos do Pantera e do Soundgarden. Fizemos o disco em Seattle com o Terry Date, que deu uma assinatura bem crua ao disco, ficou tudo bem alto. As composições foram levadas a outro nível e ficamos muito felizes com o disco.

REG: É difícil ter sua própria banda participando de outros grupos e projetos?

Duff: Na verdade o Velvet Revolver não está rolando agora. O Loaded existe desde antes do Velvet Revolver, e foi fácil reunir a banda de novo, quando o Velvet Revolver começou essa parada. Eu também não sou o tipo de cara que fica parado, mesmo na época que o Guns acabou, eu nunca sentei em cima do passado, fui estudar. Um dia, quem sabe eu aprendo o que fazer para relaxar, mas até esse dia chegar…

REG: Por que você decidiu tocar guitarra na banda?

Duff: Ser o vocalista solo e tocar baixo ao mesmo tempo é muito difícil, e eu não iria cantar direito. Na verdade eu sempre toquei guitarra base em toda a minha vida, e é assim que eu componho as músicas, é muito mais fácil, honestamente.

REG: Falando sobre o Guns N’Roses, é verdade que o Loaded deve abrir para eles em shows nos Estados Unidos?

Duff: Eu não tenho certeza, ouvi alguma coisa sobre isso, provavelmente como você ou outra pessoa também ouviu. Quando isso apareceu na internet eu estava em turnê há umas três ou quatro semanas, então não tive tempo de ver o que esta rolando nesse sentido.

REG: Mas ninguém falou com você sobre isso?

Duff: Um pouco, sim, mais em entrevistas. Eu não gostaria de falar… Deixe a turnê acabar em alguns dias, que entre os shows daqui da América do Sul e os da Alemanha (no final do mês), eu vou ver o que tá rolando.

REG: Você acha que a formação clássica do Guns N’Roses pode se reunir, nem que seja só para um show, no Rock’n’roll Hall of Fame?

Duff: Suas preocupações são tão boas quanto as minhas… Eu não sei (pausa). Não sei se todos tentarão fazer isso acontecer. Como eu disse, eu não sei, eu realmente não sei.

REG: Você parece ser, entre os ex-integrantes dessa formação, o mais próximo de Axl Rose…

Duff: É, mas nós não conversamos sobre isso. Eu espero – eu disse isso antes - eu espero que o que quer que aconteça em toda essa coisa… é que é sobre os fãs, não sobre nós. Eu não estou nem aí, de estar dentro do hall da fama ou não, mas os fãs tem essa preocupação, o que é uma história diferente. Eu espero que, o que quer que aconteça, a gente saiba como lidar com a situação.

REG: Mas você gostaria de uma reunião com a formação clássica?

Duff: (Pausa) Não é o que eu gostaria… Eu tenho lembranças incríveis dessa banda e se eu gostaria de tentar recriar algumas dessas incríveis lembranças algum dia? Claro! Claro que eu gostaria. Mas não é uma coisa na qual eu penso frequentemente… Acho que estou falando demais…

REG: Vamos falar do Velvet Revolver, então. Vocês vão mesmo fazer testes com um vocalista em dezembro?

Duff: Sim, tem um cara que vem tocar conosco em dezembro. Agora o Slash tá fazendo um novo disco e deve sair em turnê, mas isso não atrapalha. Então vamos fazer o teste, porque queremos ver o Velvet na ativa de novo, mas precisamos do vocalista certo.

REG: E quem é esse cara que vocês vão testar?

Duff: Eu não quero dizer o nome dele para evitar que comecem a falar um monte de merda sobre ele.

REG: E o Corey Taylor, do Slipknot, não daria certo com ele?

Duff: Tocamos algumas musicas com o Corey, ele é foda, muito bom. Eu adoro ele, mas o Velvet Revolver é uma democracia e todo mundo tem que gostar do que quer que seja, para que todos acreditem 100% no que está sendo feito. Então se um de nós gosta, mas os outros não, não adianta forçar a barra. Mas falando só por mim, que é tudo o que eu sempre faço em entrevistas, Corey Taylor é o melhor vocalista de sua geração.

REG: Você entrou para o Jane’s Addiction no começo do ano, mas logo deixou a banda. O que aconteceu, no fim das contas?

Duff: A verdade é que eu nunca entrei para a banda, foi um grande mal entendido. Eu só fui lá e os ajudei a fazer o disco deles, porque eles estavam sem um baixista. E o Eric Avery era uma grande parte da banda – claro - e eu tentei ser o Eric por alguns meses, para ajudá-los a formular algumas músicas. E fiz uns shows com eles também, o que foi muito divertido. Eu posso dizer que fui do Jane’s Addiction em três shows e foi divertido mesmo, mas não é a minha banda, não entrei para a banda. Naquele período estávamos testando vocalistas para o Velvet Revolver e eu nem poderia deixar o grupo na mão. (Duff é creditado como compositor em três músicas do novo álbum do Jane’s Addiction, “The Great Escape Artist”).

Grupo encerra nesta sexta a primeira turnê pelo Brasil, que começou no SWU e termina no Rio

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Rowse em novembro 18, 2011 às 12:16
    #1

    Linda entrevista!! Vlw!!

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