Meio termo
Com boas músicas, mas sem um repertório convincente, Noel Gallagher agrada plateia que lhe é fiel sem deixar de lado a idolatria ao Oasis. Fotos: Luciano Oliveira.
Mas também não faz feio no repertório do disco solo, que o digam a ótima “Everybody Is On The Run”, ao receber um irresistível “ôôô” no final, e “Dream On”. Juntas, elas formam uma dobradinha rara no show (com a tal liga que faz falta na maior parte do tempo), assim como acontece com “(I Wanna Live in a Dream in My) Record Machine” e “AKA… What a Life”, num dos momentos mais rock’n’roll da noite. Por outro lado, um amigo próximo de Gallagher precisa avisá-lo que não é possível destruir um clássico como “Supersonic”, noite após noite, com um violãozinho mequetrefe que é salvo pelos teclados. Uma pérola cuja vocação para o esporro é antecipada já no título não pode ser a nova “Andança” dos saraus da juventude.
Noel Gallagher fala pouco, na maioria das vezes para negar o pedido coletivo do público, como o de “Gas Panic” (logo essa?), por exemplo, mas é generoso nos agradecimentos, sobretudo no final do show. De cara amarrada – e Gallagher marrento é o outro - e com aspecto “acabei de sair de uma ressaca daquelas”, o guitarrista conduz o show com o carisma de um antipático, culpa dos serviços prestados à boa composição ao longo dos anos. Muitas delas, do repertório solo, funcionam muito bem, como a oculta “Freaky Teeth”, esperada para o próximo álbum, numa das melhores performances da noite, e a ótima “AKA… Broken Arrow”.É um show, no entanto, fadado a comparações. Se Noel não deixou as músicas do Oasis de fora, Liam, quando esteve no Rio, no aconchegante Circo Voador (veja como foi), só executou músicas o Beady Eye. A banda de Liam – quase todo o Oasis antigo – é melhor entrosada que a de Noel, e a produção do Beady Eye, com direito a telões e a um som ensurdecedor, coloca Noel no bolso fácil, fácil. Falta ao acanhado Noel o que Liam tem de sobra: voz e marra – de novo – de vocalistas de rock. Apesar de o Beady Eye ter um início promissor, falta a Liam o que faz a fama de Noel: composições fora de série. No frigir dos ovos, temos em pauta o mais rápido retorno de uma grande banda de rock em todos os tempos. Podem anotar que, já, já, o Oasis sai em turnê.
Enquanto isso não acontece, Noel faz uma saborosa limonada e manda um bis matador, só diminuído por sua estranheza no posto de frontman. Repete “Let The Lord Shine a Light On Me”, que estreou na quarta, em São Paulo, e engata três do Oasis fechando com a dobradinha “Little by Little”/”Don’t Look Back In Anger”. O público, que a bem da verdade não deixou de interagir um minuto sequer, vai ao máximo do delírio que as viúvas de Oasis conseguem chegar, e as luzes acessas revelam uma cantoria sem fim. Desse jeito não é mesmo possível ter rancor ao olhar para trás, mas, convenhamos, é para frente que se anda.
Set list completo
1- (It’s Good) To Be Free
2- Mucky Fingers
3- Everybody’s On The Run
4- Dream On
5- If I Had a Gun…
6- The Good Rebel
7- The Death Of You And Me
8- Freaky Teeth
9- Supersonic
10- (I Wanna Live in a Dream in My) Record Machine
11- AKA… What a Life
12- Talk Tonight
13- Soldier Boys and Jesus Freaks
14- AKA… Broken Arrow
15- Half The World Away
16- (Stanged On) The Wrong Beach
Bis
17- Let The Lord Shine a Light On Me
18- Whatever
19- Little by Little
20- Don’t Look Back In Anger
Tags desse texto: Noel Gallagher
Querido autor,
Aka.. BROKEN Arrow e (Stranded On) The WRONG Beach
Nao escreva um artigo de uma banda, criticando ela desse jeito, se você não sabe escrever nem o nome das músicas dela.
Obrigada.
Corrigido, obrigado.