Irmãos do barulho
Cavalera Conspiracy atrasa, mas satisfaz os fãs com muito esporro em show intenso; repertório é dividido entre os dois álbuns do grupo e clássicos da era de ouro do Sepultura. Fotos: Michael Meneses.
Honra seja feita, Max tem a manha para fazer músicas no extremo do peso com grande apelo. Não por acaso as porradas gravadas com o Cavalera têm refrões cantados pelo público, ainda que sejam brados de uma única frase ou uma palavra só. É o caso de “Torture”, “Inflikted”, música que quase virou o nome do projeto, e de “Killing Inside”, verdadeiros temas do apocalipse metálico cantadas/berradas quase em tom de assovio pelo público. A plateia – diga-se – conhece muito bem as músicas do grupo, talvez mais até do que as do Soulfly, no que é ajudada pela fúria e perfeição com que são tocadas, com um Iggor Cavalera sentando a mamona como nos bons tempos, e Max – lixão do rock em carne e osso – na ponta dos cascos, mostrando o carisma que lhe é peculiar.
As músicas do Sepultura são evidentemente as mais comemoradas e têm grande participação, mas seria uma injustiça não verificar que a plateia nervosa se bate o tempo todo, impulsionada por instinto pela agressividade das músicas e também pelo incentivo constante de Max, para a abertura da roda de pogo. Embora enfrente problemas operacionais, Iggor impinge uma incrível velocidade às músicas.No medley “Arise”/“Dead Embrionic Cells”, por exemplo, a bateria parece que vai sair voando feito turbina de avião; em “Troops Of Doom”, iniciada por um “ôôô”, é o vocal podrão de Max que realça nos trechos mas velozes; e o solo de “Territory” fica por conta do vocalista, deixando Rizzo destruir nas músicas do Cavalera, usando o timbre melódico no “metal de raiz trazido de volta” do grupo. Em “Black Ark”, os pimpolhos Igor e Ritchie Cavalera, filho e enteado de Max, respectivamente, cantam junto com o patriarca da grande família do metal. O bis reúne a dobradinha “Inner Self”/“Roots Bloody Roots”, para deixar claro que valeu cada segundo a espera pelo início do show.
Chamar o show do Krisiun de abertura não é lá muito correto, uma vez que o show do trio durou quase o mesmo tempo que a apresentação principal, mas o fato é que bem mais cedo os irmãos Kolesne abriram a noite para os irmãos Cavalera. Como de hábito, o público carioca recebeu o grupo com uma participação atroz, lembrando que o primeiro show do novo Circo Voador, inaugurado em julho de 2004, foi do Krisiun.As 12 músicas tocadas em cerca de 70 minutos deram uma geral na carreira, incluindo duas do álbum mais recente, “The Great Execution”: “The Will To Potency” e “Blood of Lions”. Nas duas, o grupo experimenta passagens menos velozes com muito groove entre outras rápidas, sem perder peso e agressividade habitual. O clássico “Black Force Domain” fechou a noite, não sem antes o grupo mandar o cover esperto para “In League With Satan”, do Venom, e reafirmar a força de 20 anos de metal extremo, numa cutucada/desabafo do baixista Alex Camargo: “estamos aqui para provar que o metal nacional está vivo, doa quem doer. Não é qualquer poser que vai dizer que o metal nacional acabou”. Depois de uma noitada dessas, de deixar ouvindo zumbindo deliciosamente o dia seguinte inteiro, não dá mesmo para duvidar.
Set list completo Cavalera Conspiracy
1- Warlord
2- Torture
3- Inflikted
4- Refuse/Resist
5- Sanctuary
6- Terrorize
7- Territory
8- Killing Inside
9- Blunt Force Trauma
10- Black Ark
11- Arise / Dead Embryonic Cells
12- Troops of Doom
13- I Speak Hate
14- Attitude
Bis
15- Inner Self
16- Roots Bloody Roots
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Estou em casa ainda exausto de ontem. Show excelente!
Braços marcados, costas e ombro doloridos, mas de alma lavada…
Showzaço, Bragatto!!!!
Tô esperando o de hj em sp