O Homem Baile

Deslocado

Depois do Quens Of The Stone Age, Black Keys parece atração de palco pequeno recém promovida para preencher horário no Lollapalooza. Foto: Bruno Eduardo.

blackkeysParecia que o Black Keys tinha caído de paraquedas, do nada, naquele palcão do Lollapalooza, mas o duo tratou de simplificar as coisas. Primeiro, reduzindo o palco para seu próprio tamanho, arranjando um leiaoute de conjugado em uma mansão. Depois, Dan Auerbach e Patrick Carney não são bobos e não incorrem no erro do White Stripes - noite era fadada a essa comparação -, de entrar no palco sem uma banda complementada por, no mínimo, baixista e tecladista. E, por último, uma produção visual do tipo lâmpada incandescente que acende e apaga foi a escolha certa, em que pese a bateria, que parece revestida por embalagens de drops Dulcora gigantes.

Nessa paisagem, restava ao grupo mandar aquela sucessão de boas músicas que fazem do álbum “El Camino” um clássico do tipo de música que não sai das cabeça da gente após parcas audições. E aí é que começam os problemas, porque no palco são outros quinhentos. Palco não é estúdio, compor e arranjar é uma coisa, e cantar e encantar as massas é outra completamente diferente. Não que o grupo não tenha encontrado acolhida na imensa plateia, que não arredou o pé depois do massacre do Queens Of The Stone Age (veja como foi), mas o show, na maior parte do tempo, carece de uma pegada mais forte, um punch, um tête-à-tête com o rock que nem sempre o vocalista/guitarrista Dan Auerbach conseguia impingir de maneira minimamente adequada.

Mas o repertório - repita-se - é bom, de modo que boa parte das músicas pedem um cantarolar instantâneo, o que embala o show e cria uma interatividade semi-indie das mais interessantes. É assim o começo, com “Howlin’ For You” e “Dead and Gone”, que tem participação maciça da plateia - é conhecida a boa vontade da nossa gente para com artistas internacionais. Auerbach começa bem tímido, com a guitarra “limpa” demais, muito provavelmente numa tentativa de reproduzir o jeito de ser tocar entre as quatro paredes de um estúdio. Aos poucos, ele se solta e o show melhora, mas são ímpetos atípicos que fazem a apresentação ter altos e baixos ao longo das 20 músicas, tocadas - imaginem - em pouco mais de 70 minutinhos. Muito pouco para uma atração principal, os amigos hão de concordar.

Se Auerbach não é Jack White, Patrick Carney, com pinta de desajeitado faz o que Meg White jamais conseguiu: tocar bateria com o mínimo de técnica e com o braço, obviamente, bem mais forte. Mas o show do BK, que estava parado há um tempão, tem momentos de puro embalo, sempre escorado mais na força das canções e menos na pegada e na presença de palco da turma. Ainda mais quando, se a conta não estiver errada, 14 das 20 músicas são dos discos mais recentes, o já citado “El Camino”, de 2011, e “Brothers”, de 2010. Com as manguinhas de fora, Dan Auerbach parece pleitear uma vaga no idolatrado Nickelback quando esmerilha a guitarra, na parte final do show, em músicas como “Tem Cent Pistol” e “She’s Long Gone”. O desfecho quase certeiro viria com o hit “Lonely Boy”. A música enlouquece tanto o público que “I Got Mine” nem precisava ter entrado em seguida. No fim das contas, sim, deu para o gasto.

Set list completo

1- Howlin’ For You
2- Next Girl
3- Run Right Back
4- Same Old Thing
5- Dead and Gone
6- Gold on the Ceiling
7- Thickfreakness
8- Girl Is on My Mind
9- Your Touch
10- Little Black Submarines
11- Money Maker
12- Strange Times
13- Ten Cent Pistol
14- Nova Baby
15- Sinister Kid
16- Everlasting Light
17- She’s Long Gone
18- Tighten Up
19- Lonely Boy
20- I Got Mine

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Liberalino Maia em março 31, 2013 às 15:25
    #1

    Ainda acho que a culpa foi da equipe de som, pois pela TV tava bem bacana.

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