O Homem Baile

Legado vivo

Marky Ramone comanda show com batelada de músicas da banda que lhe deu fama no Rock In Rio. Foto: Léo Corrêa.

O veterano Marky Ramone, único remanescente da formação clássica, mostra a sua batida indelével

O veterano Marky Ramone, único remanescente da formação clássica, mostra a sua batida indelével

A promessa era de que fossem tocadas 32 músicas em uma hora (saiba mais), mas ninguém no meio da multidão reclamou quando a banda de Marky Ramone contabilizou “só” 24 porradas secas, duras e diretas. O show foi o segundo deste primeiro sábado do Rock In Rio, e seguramente o que reuniu o maio público em frente ao Palco Sunset desde a noite de ontem. Hoje, inclusive, o rock está presente com público interessado em rock de verdade. Que chega cedo e corre para a frente do palco. Que sabe que show de punk rock, com um dos caras da banda que inventou o punk rock, é para abrir roda e abusar do body surfing.

Pouco importa que Michale Graves não lembre muito o grande ícone Joey Ramone e deixe a desejar como cantor; que ele próprio tenha o desplante de enfiar um mini set acústico que só foi aplaudido por generosidade da massa; que o guitarrista e o baixista sejam genéricos, configurando praticamente uma banda cover. O que prevalece é que ali atrás da bateria está um legítimo Ramone, dono de uma indefectível batida de se reconhecer a milhas de distância. E o show segue como numa apresentação do quarteto que inventou o punk. É um, dois, três, quatro e porrada na moleira. Ou, se você preferir, “Breat On The Brat”.

Michale Graves alça vôo - literalmente - no Palco Sunset, em um entre tantos saltos durante os show

Michale Graves alça vôo - literalmente - no Palco Sunset, em um entre tantos saltos durante os show

A música foi um dos destaques, numa sequencia difícil de se extrair a que realça mais, tocada na primeira metade do show. Na parte final, um superbloco de sucessos, inclusive radiofônicos, inclusive no Brasil, matou a pau. Falamos da sensacional “I Believe In Miracles”, que Graves tenta cantar de um jeito diferente, mas é atropelado pela cantoria popular; de “The KKK Took My Babe Away”, com – quem diria – o próprio Marky revirando a mínima bateria; “Pet Sematary”, cantada a plenos pulmões por uma plateia possessa; e “I Wanna Be Sedated”, na qual se deu o alvará sonoro para a multiplicação das rodas e pogo sem fim.

Michale Graves não é Joey, mas é bom de palco. Quica o tempo todo no andamento das músicas e vai à grade cumprimentar o público. Cobre a lacuna deixada pelo próprio Marky, que faz bem a não se enveredar como vocalista. Se genérica, a banda é ensaiadinha e faz valer a máxima ramônica que emblematiza o eterno elixir da juventude. Nenhuma banda jamais retratou o rito de passagem adolescente como o Ramones. E Marky Ramone, à sua maneira, vem mantendo o legado. Agora, o Rock In Rio já pode se orgulhar de ter recebido ao menos um Ramone em seus palcos.

Set list completo:

1- Rockway Beach
2- Teenage Lobotomy
3- Do You Wanna Dance
4- I Don’t Care
5- Sheena Is a Punk Rocker
6- Havana
7- Comando
8- Beat On The Brat
9- 53rd & 3rd
10- Now I Wanna Snif Some Glue
11- Gimme Gimme Shock Tretament
12- Rock’n'roll High School
13- Oh, Oh, I Love Her So
14- Judy Is a Punk
15- I Believe In Miracles
16- The KKK Took My Babe away
17- Pet Sematary
18- I Wanna Be Sedated
19- I Don’t Wanna Walk Like You
20- Pinhead
21- Dig Up Her Bones
22- Cretin Hop
23- What a Wonderful World
24- Blitzkrieg Bop

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Comentários enviados

Existem 3 comentários nesse texto.
  1. Carlos em setembro 15, 2013 às 17:04
    #1

    Achei legal o Graves nao tentar dar uma de Joey cover. Também achei o guitarrista e o baixista com cara de genéricos, mas foram competentes. Só discordo da parte do acústico, achei que as duas releituras do Misfits ficaram bacanas. Abs!

  2. Leo Cucatti em setembro 16, 2013 às 15:49
    #2

    Não é possível que depois de ler esse parágrafo “Pouco importa que Michale Graves não lembre muito o grande ícone Joey Ramone e deixe a desejar como cantor; que ele próprio tenha o desplante de enfiar um mini set acústico que só foi aplaudido por generosidade da massa; que o guitarrista e o baixista sejam genéricos, configurando praticamente uma banda cover.”, vocês (fãs de Ramones) continuem achando legal o que esse Marky faz (por dinheiro) em nome dos Ramones. Uma coisa que tenho certeza que jamais veria seria o Johnny ou o Dee Dee montando uma banda de cover deles mesmo (com integrantes genéricos - como o texto diz) só pra continuar aí, ganhando grana, com o nome na mídia. Esse Marky Ramone deveria ser um vergonha para quem gosta de Ramones.

  3. Batera em abril 7, 2014 às 14:18
    #3

    Leo Cucatti, quanta baboseira, a banda montada é um tributo e é, sim, para ganhar dinheiro, e o que importa? Eu não tive oportunidade de vê-los na ativa, o último show do Ramones por aqui eu tinha 6 anos de idade e acho super válido, é um show cover, mas ali atrás da batera tem um cara que tocou em várias fases do grupo e que eu como baterista admiro pra caramba. O que tem demais nisso? Se não curte, apenas respeite.

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