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No segundo show no Rio em dois meses, Helloween mostra vitalidade e força da atual formação e do repertório atemporal. Fotos: Daniel Croce.

O empático vocalista Andi Deris, que, há 20 anos no posto, não sente mais a sombra de ex-integrantes

O empático vocalista Andi Deris, que, há 20 anos no posto, não sente mais a sombra de ex-integrantes

O show do Helloween no Rock In Rio pode até ser considerado um a mais naquele universo de tantas atrações em dois espremidos finais de semana, mas não há um ser vivo que não reconheça que o grupo fez uma das melhores apresentações do Palco Sunset (veja como foi). Só que aquela horinha foi pouco, e, ontem, na Fundição Progresso, no Rio, o grupo voltou para mandar o que pode ser chamado de “show regular da turnê” do novo álbum, “Straight Out Of Hell”, lançado este ano. O público, naturalmente menor, foi o suficiente para garantir a boa cantoria que o vocalista Andi Deris comanda como poucos. Resultado: mais uma noite de heavy metal das boas.

Deris, aliás, estava com a voz tinindo, muito melhor do que na tarde de domingo que encerrou o Rock In Rio. No segundo bis, ele chegou a bancar um duelo vocal com Kai Hansen, integrante fundador e gogó de ouro do metal mundial, sem tomar poeira. Hansen não estava ali de bobeira, abriu o show com sua banda, o Gamma Ray (veja como foi) e reapareceu no bis do Helloween, junto com o guitarrista Henjo Richter, para participar de um medley das antigas sensacional – para dizer o mínimo – que inclui a música que dá título à banda, retirada dos álbuns “Keepers”, peça obrigatória do metal em todas as épocas. Mas a sede de clássicos dessa fase começa a ser saciada muito mais cedo: o grupo já abre os trabalhos com “Eagle Fly Free”, boa estratégia para poder, com traquilidade, desfilar o repertório mais recente.

Coreografia: os guitarristas Sascha Gerstner e Michael Weikath se juntam ao baixista Markus Grosskopf

Coreografia: os guitarristas Sascha Gerstner e Michael Weikath se juntam ao baixista Markus Grosskopf

Assim, as duas músicas do disco novo tocadas no Rock In Rio receberam o reforço de outra dupla: “Straight Out Of Hell”, que cresce horrores ao vivo, com ênfase no título que vira refrão, e “Nabatea”, um número épico de quase oito minutos de duração, primo de outros da fase “Keepers”, e que reforça a boa performance de Deris. A bem da verdade, o Helloween hoje poderia fazer um show só com músicas dos nove álbuns lançados com o vocalista, que não faria feio. Por isso mesmo a plateia homenageia Andi Deris no final do show, ao lançar ao palco uma camisa oficial da seleção brasileira com o número 20 às costas, numa referência às duas décadas dele no Helloween. Outras alegorias erguidas no meio do público incluíram a abóbora/mascote da banda e uma máscara de cabeça de cavalo que foi parar na bateria de Daniel Löble.

A rigor, a banda não se preocupou em modificar o repertório, apenas incluiu outras seis músicas ao set list do Rock In Rio, e transferiu “Future World” para o show do Gamma Ray. Uma delas, “Where The Rain Grows”, foi escolhida pelos fãs em um concurso virtual e acabou sendo um dos grandes destaques da noite, em que pese outras músicas do álbum “Master Of The Rings”, como ela, fazerem falta no show. Assim como há a omissão completa de músicas de discos como “The Legacy”, de 2005 e de “Gambling With The Devil”, de 2007. O quinteto precisa sacar que uma banda prestes a completar 30 anos de estrada não pode tocar por apenas uma hora e quarenta minutos; dava pra colocar mais umas quatro músicas e fechar o show com duas horas de duração fácil, fácil.

Andi Deris com Markus Grosskopf e o baterista Daniel Löble lá no fundo do palco; à direita, Weikath

Andi Deris com Markus Grosskopf e o baterista Daniel Löble lá no fundo do palco; à direita, Weikath

Outra que chamou a atenção entre as novas foi “Waiting For The Thunder”, com um daqueles refrões grudentos que só o metal melódico pode oferecer e o duelo de solos de Michael Weikath e Sascha Gerstner, que aconteceria outras vezes. Como na verdadeira “chuva melódica” que inicia a ótima “Hell Was Made In Heaven”, logo depois, numa dobradinha de arrepiar o público da Fundição. Mas a plateia se acaba mesmo é com “Power”, uma das mais queridas da fase Deris, e em “If I Could Fly”, uma baladaça pra lá de pegajosa que leva Gerstner a tocar com a guitarra nas costas. Antes, Andi Deris, durante “Live Now”, faz a tradicional divisão da plateia na cantoria, uma patacoada que sempre funciona, ainda mais em show de metal. O momento mais marcante, contudo, é o bis final, com quatro guitarras (sendo duas de integrantes da formação original) no palco tocando “I Want Out”. Essa seguramente nunca vai ser deletada do HD de quem esteve na Fundição.

Set list completo:

1- Eagle Fly Free
2- Nabataea
3- Straight Out of Hell
4- Where the Sinners Go
5- Waiting for the Thunder
6- Hell Was Made in Heaven
7- Solo de bateria
8- I’m Alive
9- Where the Rain Grows
10- Live Now!
11- If I Could Fly
12- Power
Bis
13- Are You Metal?
14- Dr. Stein
Bis
15- Halloween/How Many Tears/Heavy Metal (Is the Law)
16- I Want Out

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