O Homem Baile

Atropelamento

Com som tinindo, Krisiun faz um dos shows do ano na madrugada desta segunda, ao encerar o Goiânia Noise Festival. Foto: Marcelo Costa/Scream & Yell.

krisiungnf13A parada era indigesta. Fazer o 49º show do Goiânia Noise Festival desse ano, já na madrugada desta segunda, depois de o céu desabar – de verdade - pela terceira vez seguida na capital do cerrado brasileiro. Nesse cenário, o Krisiun, acostumado a tocar em tudo o que é canto no underground do Hemisfério Norte, encontra uma qualidade de equipamento e equalização de som raros para uma banda de metal extremo, e aí tudo se realiza. O Palco Monstro se transforma num coletivo de notas distorcidas, decibéis de volume proibitivo e muito, muito esporro mesmo. O tipo de show que instala o zunido nos ouvidos do público durante ao menos uma semana. E é assim que tem que ser.

Atração de vários festivais independentes este ano, o Krisiun tem apresentado uma mistura da turnê do álbum mais recente, “The Great Execution”, lançado em 2011, com uma espécie de “best of” da carreira. Assim, só duas das “novas” entraram no set: “The Will To Potency” e “Descending Abomination”. Na primeira, o teatro onde o show é realizado treme literalmente, e a impressão e potencializada pelo intenso piscar de luzes estroboscópico que incomodou o público durante três dias e, enfim, se justifica. É nessa música a primeira vez em que a plateia ergue os punhos cerrados em coreografia ensaiada, e o guitarrista Moyses Kolesne debulha a guitarra em dois solos de arrepiar. Já “Descending Abomination” é marcada pela alternância feroz de andamento e pelo solo que o guitarrista faz empoleirado na grade que separa o público do palco.

Lá pelas tantas, entre uma fala e outra, em geral em tom de agradecimento e insuflação da cena metálica nacional, o baixista Alex Camargo dedica o show ao guitarrista Dimebag Darrel, do Pantera, que foi assassinado em pleno palco há nove anos. Era o preâmbulo de “Conquerors of Armageddon”, cuja introdução, uma peça instrumental de incrível perícia técnica, Maldade e bom gosto, supera a versão gravada no álbum para o qual cede o nome, laçado em 2000. Impressionante como, 13 anos depois, este petardo permanece com o mesmo impacto junto ao público, que, do nada, lança outra vez os punhos ao ar no refrão anticristão. É dessa música um dos melhores solos de Moyses considerando o repertório atual.

O show é curto – 13 músicas em cerca de 70 minutos -, com direito a um econômico solo de Max Kolesne, o que nem seria necessário se pensarmos em tudo que o baterista faz durante o set: é impressionante a velocidade e a técnica impingidos. Parece que a cada dia ele arregaça mais, obrigando os irmãos a correrem atrás. O show, que em geral tem um cover, dessa vez inclui dois, um para “Black Metal”, do Venom, e outro para “No Class”, do Motörhead, cuja introdução, usada durante muitos anos como vinheta em emissoras de TV, causa ainda mias agitação na plateia. Outro destaque é “Ominous”, que abre o show sem dó, num prenúncio do massacre sonoro que estaria por vir. Depois de tanto rodar o Brasil e o mundo, o Krisiun encontrou a condição ideal no Goiânia Noise. E quando isso acontece com um abanda referência do metal extremo, não tem erro.

Set list completo:

1- Ominous
2- Ravager
3- The Will To Potency
4- Combustion Inferno
5- Vicious Wrath
6- Vengeance’s Revelation
7- Descending Abomination
8- Sentenced Morning
9- Black Metal
10- Slain Fate
11- Conquerors of Armageddon
12- Solo de bateria
13- No Class
14- Kings Of Killing

Clique aqui para ver como foi o show do Exploited no Goiânia Noise Festival.

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Clique aqui para ver como foram os shows de sábado no festival.

Marcos Bragatto viajou à Goiânia a convite da produção do Goiânia Noise Festival.

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