Desequilíbrio
Em apresentação irregular, Nine Inch Nails alterna bons e maus momentos em um dos shows mais desprezados do Lollapalooza. Fotos: MRossi/Divulgação T4F.
Quem se dispôs a seguir o grupo de Trent Reznor e asseclas, contudo, não teve muita sorte. Apesar da promessa de o show ser do tipo “básico”, sem participações especiais e com o quarteto fazendo tudo por si próprio – o que de fato aconteceu -, o show peca pela forma como o repertório é executado, sob uma aura experimentalista exagerada que não empolga como um todo, apenas em passagens pontuais. Por isso a meiúca da apresentação cria um anticlímax desanimador que, inclusive, empurra parte do pequeno público de volta à civilização, isto é, ao festival propriamente dito. Porque ali, num local tão ermo e distante, o clima é de transe. E isso, em algumas partes do show, é muito bom.
Não é que o tal transe não se dê pelas músicas, mas a iluminação tensa, vinda de um gigantesco painel (pouco) luminoso montado no fundo do palco contribui um bocado, sobretudo em músicas como “Letting You”, do disco anterior ao “Hesitation Marks”, o mais recente; a consagrada “March Of The Pigs”, que incentiva a plateia para abrir uma autêntica roda punk, e justamente à direita do palco, o lado mais habitado; e na tensa “Hand Covers Bruise”, do projeto do chefão Reznor com o produtor Atticus Ross, já na parte final do show. No palco, corre um revezamento de músicos e respectivos instrumentos que nem sempre resulta em boas decisões. Por vezes só teclados dominam o ambiente e, embora o show não perca em tensão e no clima caótico sempre mirado pelo grupo, cai por terra no âmbito musical ao passar a ser pouco – ou quase nada – orgânico.Acontece, por exemplo, em músicas como “Disappointed”, sem bateria, que ajuda a criar um clima de discoteca dos mais infelizes, em se tratando de um show de rock; “The Big Come Down”, convertida em um reggae pop eletrônico esquisitão, mas que contribui no quesito “transe”; e “All Time Low”, totalmente sem bateria, que só agrada quando acaba, ao citar “Closer”, aquela que ficou famosa por ter um clipe censurado nos anos 1990 e que – sabe-se lá o porquê - ficou de fora desse show. Entre as novas, do álbum “Hesitation Marks”, já que curiosamente o bom single “Copy Of A” ficou de fora e a dupla “Disappointed”/”All Time Low” fracassou, caberia a “Find My Way” honrar os novos tempos, mas ela também não cai no gosto do público, apesar das palmas marcadas por sugestão de Trent Reznor.
Mas tem a parte boa da noite, com a dobradinha “Burn”/“The Great Destroyer”. Na primeira, a configuração é de banda de verdade com bateria e guitarra, e o clima de transe dá espaço à velocidade e aos solos de guitarra, enfim. Na segunda, carregada de efeitos que incluem tiros de metralhadora e uma tecladeira “from hell”, o público é que se empolga, fato raro durante o show. A plateia também canta junto na boa “Piggy”, manjada de outros carnavais. A música começa como quem não quer nada e se transforma numa intensidade sonora e de volume de arrepiar a turma toda. Uma pena que tenha sido apenas um momento pontual, numa apresentação que peca pela falta de velocidade, dinâmica e peso o suficiente para se tornar minimamente cativante.Set list completo:
1- Wish
2- Letting You
3- Me, I’m Not
4- Survivalism
5- March of the Pigs
6- Piggy
7- Find My Way
8- Sanctified
9- Disappointed
10- All Time Low
11- Burn
12- The Great Destroyer
13- The Big Come Down
14- Gave Up
15- Hand Covers Bruise
16- Beside You in Time
17- The Hand That Feeds
18- Head Like a Hole
19- Hurt
Tags desse texto: Lollapalooza, Nine Inch Nails
Essa review é épica de tão ruim. Parabéns.
Melhor show do Lollapalooza e fim de papo! Quem fez essa resenha não manja de NIN. E na boa, o show do Muse foi uma bosta.
Esse cara que escreveu isso deve ter ido em outro show que eu não fui.
Banda de verdade é baixo bateria guitarra e vocal? Fale-me mais sobre isso… Espero que você não ande por ai falando que é crítico musical, pois necessita de um pouco mais de conhecimento pra ter tal título.
Não sou de comentar, mas que resenha péssima, tá explícito que quem escreveu não entende nem um pouco de NIN e sua atmosfera. Com certeza ele tava no show errado.
Você definitivamente não viu o mesmo show que eu vi…
Rapaz, eu nao fui e só vi o pedaço final pela TV…
Perto do show que vi no Rio há quase 10 anos, me pareceu que esse show foi marromenos mesmo… E olha que o show daqui rolou quase 3 da manhã, para poucos gatos pingados, com chuva, numa mega desorganização da produção do festival.