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Em turnê que serve de teste para a nova vocalista, Arch Enemy enfim estreia no Rio e descarrega verdadeira avalanche de guitarras. Fotos: Daniel Croce.
Mas o Arch Enemy não é uma banda de metal com vocais femininos. É uma banda de guitarras comandada por Michael Amott, guitarrista encardido que ajudou a criar, além do próprio Arch Enemy, Carcass e Carnage, e que tem serviços prestados em diversas outras formações da música extrema. Com a ajuda luxuosa de Jeff Loomis, ex-Nevermore, convocado para o quinteto de última hora, em novembro, ele executa, ao vivo, o que o death/thrash metal tem de melhor: maratonas de guitarras com duelos, solos de parte a parte, riffs avassaladores e peso, muito peso. Engana-se aquele que acredita que o quesito “melódico” subtrai agressividade da banda; nunca se viu, no rol do death metal melódico, tanta raiva em estado bruto-metálico, sobretudo ao vivo, como no som do Arch Enemy.
Em “You Will Know My Name”, uma das novas, por exemplo, a duplinha das seis cordas se posiciona na beirada do palco e desanda a solar com precisão e velocidade impressionantes. A música é uma daquelas mais cadenciadas e que tem, do ponto de vista da canção, um irresistível apelo pop, numa bela amostra de que uma coisa (peso e agressividade) não é necessariamente divorciada de outra (apelo popular). Por isso o público, que passa boa parte do tempo girando em rodas de pogo e batendo cabeça com punhos cerrados, também esboça um vigoroso cantarolar. É o que acontece também em músicas como a já contagiante “Burning Angel” e sua espetacular introdução à custa das guitarras; “Ravenous”, outra do álbum “Wages Of Sin”, de 2001; e em “Nemesis”, já no encerramento em um bis curtinho, curtinho.A turnê é a do álbum “War Eternal”, lançado no ano passado, já com Alissa nos vocais - a banda só anunciou a mudança após finalizar as gravações – e cinco músicas das novas são tocadas. A faixa-título e “As The Pages Burn” parecem ser as mais conhecidas do público, mas, além da já citada “You Will Know My Name”, é com “No More Regrets” que o encarnado Amott e Loomis mostram serviço esmerilhando as guitarras sem dó. O restante do material é bem parecido com o repertório do disco ao vivo mais recente da banda, o matador “Tyrants of the Rising Sun: Live in Japan”, de 2009. O que, para quem nunca viu a banda ao vivo chega a ser uma dádiva. O show praticamente não tem blábláblá, o que reforça a vitalidade da pequerrucha Alissa, cujas cordas vocais são exigidas um bocado, sem descanso. Ou seja: nova formação aprovada, com louvor.
Uma trapalhada sobre o horário do início do show (23h no ingresso e 21h30 segundo os produtores) fez a banda de abertura, Melyra, tocar muito cedo, para um público bem pequeno; depois o intervalo teria longas duas horas. A boa banda, só com garotas, investe em um metal tradicional bem tocado, mas que tem muito claras as referências, separadamente. Se uma das músicas é a cara do Iron Maiden (“Catch Me If You Can”), outra lembra Megadeth na hora. Nada que mais ensaio e, principalmente mais shows, não resolvam, visto que o grupo é bem novo. O destaque ficou no encerramento, quando “Trip to Hell” realça bons riffs e o peso concedido para uma banda de abertura, coisa rara em shows internacionais. Também ajuda não tocar cover para mostrar mais do trabalho próprio, embora a versão para “N.I.B.”, do Black Sabbath, tenha ficado legal.Set list completo Arch Enemy:
1- Enemy Within
2- War Eternal
3- Stolen Life
4- Ravenous
5- No More Regrets
6- Taking Back My Soul
7- My Apocalypse
8- You Will Know My Name
9- Bloodstained Cross
10- Burning Angel
11- As the Pages Burn
12- Dead Eyes See No Future
13- No Gods, No Masters
14- Dead Bury Their Dead
15- We Will Rise
Bis
16- Snow Bound
17- Nemesis
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