Para todo o sempre
Epica se estabelece no Rio de Janeiro a ponto de modificar o repertório do show para agradar o público carioca. Fotos: Daniel Croce.
Mas a turnê é a do novo álbum, o sexto deles, “The Quantum Enigma”, que saiu no ano passado, e quatro músicas novas entram no set. Em “The Second Stone”, que era para abrir o show no gás, a banda sofre com a má equalização do som, e os vocais de Simone somem e voltam nas caixas. O impacto da entrada no palco, contudo, é grande, e o público não está nem aí. Emendada vem “The Essence Of Silence”, com o som em ordem que realça o tal duelo gutural/erudito e reserva um belo solo de Isaac Delahaye. “Victims Of Contingency” abusa dos efeitos pré-gravados e “Unchain Utopia”, enfiada no bis, pouco seduz o público, já extenuado no calorão da Fundição Progresso. A quinta do disco novo a ser tocada seria “Natural Corruption”, mas colocada em disputa para o público encolher, com “Sensorium”, outra das antigas, em mais um procedimento para agradar plateia, perdeu feio.
O grupo tem pleno domínio de palco, e até o tecladista Coen Jansen, mais robusto e livre das madeixas que já não brotam, tem seus minutos de fama. Com um teclado de mão em arco a tiracolo que parece flutuar à sua frente, desfila pelo palco. É ele que diz que o show do Rio é o “melhor de toda a turnê sul americana”, no início do bis. Quando inadvertidamente faz um coração com as mãos, é reprimido de imediato pelo brother Mark, que inflama a plateia com o símbolo do metal em riste, colocando as coisas no lugar. Vale lembrar que Coen protagonizou um momento constrangedor nesse mesmo palco, em 2012, ao tocar trecho de música brasileira de péssimo gosto (veja como foi). Presepadas à parte (isso é com o Dragonforce, veja como foi a abertura), o que realça no show do Epica, afora o duelo vocal, é o peso impingido pela dupla Mark Jansen/Isaac Delahaye.Em “Storm The Sorrow”, por exemplo, o riff pesadaço na abertura – e que permeia toda a música - remete ao Black Sabbath, com o plus de um groove espetacular do novato baixista Rob van de Loo e do batera Ariën van Weesenbeek. “Cry The Moon”, aquela do verso colante “forever and ever”, tem um aversão alongada por evoluções instrumentais que superam o bom solo de Ariën. No meio da música, se salienta a imagem de Simone Simons na plataforma central, brilhantemente iluminada por uma dezena de canhões de luz. “The Phantom Agony”, a faixa-título do disco de estreia, aparece também alongada e modificada. É o desfecho mais-que-perfeito que guarda até um momento dance pop metal de parte a parte.
O bis não chega a ser dos mais surpreendentes, com músicas que aparecem nessa parte do show há milhões de anos. São elas a deliciosamente cadenciada “Sancta Terra” e “Consign to Oblivion”, que parece pesar mais a cada ano. Elas têm como recheio “Unchain Utopia”, já citada, do novo álbum, que por sua vez não é das preferidas do povão. Obviedade que, entretanto, não consegue macular um espetáculo para ficar na memória. Nem precisava, à exceção de Issac, todo mundo voltar ao palco com camisas da seleção brasileira. Por vezes, querer agradar demais não chega a ser um bom negócio, ainda mais quando o que interessa, que é a música e a performance de palco, se consolida vinda após vinda.Clique aqui para ver como foi o show do Drangonforce, na abertura.
Set list completo:
1- The Second Stone
2- The Essence of Silence
3- The Last Crusade
4- Unleashed
5- Storm the Sorrow
6- Façade of Reality
7- Sensorium
8- The Obsessive Devotion
9- Victims of Contingency
10- Cry for the Moon
11- Solo de bateria
12- The Phantom Agony
Bis
13- Sancta Terra
14- Unchain Utopia
15- Consign to Oblivion
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Cara, fui eu quem dei as camisetas para cada um deles no Meet and Greet. Não sei para você, mas eu adorei que quase todos usaram as camisetas. Fiquei muito feliz com o reconhecimento. E os que não usaram, usaram no show de São Paulo.
Logo, foi especial para mim, sim…