Paulada na moleira
Em noite de lançamento de DVD, veterano Taurus revive grandes momentos do clássico heavy metal brasileiro dos anos 1980. Fotos: Nem Queiroz.
Só que o presente mesmo, de acordo com o próprio Otávio, é a inclusão de última hora de “Gladiadores”, espécie de hit lado B da banda, quase nunca tocada nos shows, mas que, por ser muito pedida ali na fila do gargarejo, foi cantada a plenos pulmões. O show é para o lançamento do DVD “Taurus 30 Anos ao Vivo”, de modo que o repertório é mais ou menos o mesmo, com a adição de algumas faixas e ênfase na fase com letras em português, que parece mesmo ser a preferida do público. No palco, a atual formação mostra excelente forma, incluindo o pique e as variações vocais de Otávio, e a ótima performance do guitarrista Cláudio Bezz, um dos melhores do Brasil e em torno de quem o quarteto gira. Um apena que a carreira de idas e vinda do Taurus tenha ofuscado seu talento ao longo dos anos.
É de se lamentar que o local não esteja lotado – e Otávio verifica em tom irônico muita gente sentada no mezanino -, mas vale a máxima de que a plateia é “pequena, mas participativa”, e no fim das contas é isso o que conta, ainda mais para quem está na estrada esburacada do underground há tantos anos. Por isso o início, com “Fissura”, faixa-título do álbum da volta, de 2010, já chega mostrando um diferencial de intensidade em relação as outras bandas. Em “Mundo em Alerta”, punhos cerrados se erguem no meio do público a custa de um inevitável cantarolar, e em “Falsos Comandos” e “Pornography”, da “fase Metallica”, Cláudio Bezz reforça como nunca a expressão “maratonas de guitarras”, num trabalho hercúleo, mas seguramente gratificante. Foi mesmo em massacre.Antes, o Hicsos já dá sinais de que o ouvido vai ficar zumbindo até a segunda chegar. O grupo, mais identificado com metal noventista, está com nova formação, com a entrada do discreto guitarrista Alexandre Carreiro. Porque quem debulha a guitarra o tempo todo é Celso Rossatto, cujas referências a Eddie Van Halen são evidentes - e isso é bom - e a base feita pelos cascudos Marco Anvito (baixo/vocal) e Marcelo Ledd (bateria) segue funcionando muitíssimo bem. As melhores performances são para “Technologic Pain”, sobretudo na parte mais cadenciada, uma máxima no thrash metal; a porrada na moleira que é “Destruction”, como sugere o título, e “Money Becomes God”, com ótimas passagens instrumentais já na parte final.
O que pega no show do Hicsos é a falta de vibração, tanto dos integrantes como da plateia, que é contemplativa na maior parte do tempo. Nas poucas falas, Anvito compra o discurso vazio anticorrupção (alguém diz que é a favor?) e o show é encerrado com “Pátria Amada”, solitária com letra em português que cita versos do Hino Nacional Brasileiro. Dá pra melhorar. Na abertura, o Monstractor, de Resende, interior do Rio, fez um bom show, mostrando referências a vários subgêneros do metal, mas com ênfase no thrash metal. Mais nova na noite, mostrou um bom potencial, sobretudo nas levadas sombrias do guitarrista Diego Monsterman, que divide o protagonismo com o baixista e vocalista Christian Klein, o mais rodado do quarteto, seguramente fã de Motörhead.Set list completo Taurus:
1- Fissura
2- Batalha Final
3- Mundo em Alerta
4- Império Humano
5- Desordem e Regresso
6- Dias de cão
7- Falsos Comandos
8- Trapped In Lies
9- Pornography
10- Damien
11- Gladiadores
12- Massacre
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