Experiente
Mais rodado com os Flying Birds, Noel Gallagher reforça carreira solo no Lollapalooza sem deixar órfãos os fãs do Oasis. Fotos: Camila Cara/Divulgação T4F.
Isso porque a impressão de falta de entrosamento deixada em 2012, quando o grupo passou por aqui (relembre o show do Rio) se desfaz em pouquíssimo tempo. Com mais rodagem, a mesma formação, com o plus de um naipe de metais contemporâneo e uma firmeza maior de Noel como frontman, a banda soa mais segura e autônoma. Não é simplesmente um ex-Oasis ecoando o passado, muito embora um terço do repertório seja de lá. Mesmo porque Noel opta por ao menos duas canções do Oasis que não estão entre os grandes sucessos, mas são reconhecidas por boa parte da plateia que enche o espaço principal do Lolla. Quantitativamente, o guitarrista inclui cinco músicas de cada um dos seus álbuns com o Flying Birds, diminuindo a margem de reclamação do público, mesmo tendo saído do palco uns sete minutos antes do tempo que lhe fora oferecido; daria, sim, para entrar mais uma.
A segurança é tanta que Noel não troca de guitarra como troca de roupa, descarta a versão baba de “Supersonic”, mesmo porque o show é bem mais cadenciado e morno que antes, e também dedica uma das músicas (“Digsy’s Dinner”, do Oasis, claro), para Florence, encarregada de fechar a noite de domingo logo em seguida. O show é menos acelerado porque o segundo disco, “Chasing Yesterday”, é assim, e parece ser o mesmo tom da fase atual dos Flying Birds. Entre as mais novas, “The Mexican”, com ótimo refrão e com Noel e Tim Smith se revezando em bons solos/evoluções de guitarra, é a de melhor pegada. “Lock All The Doors”, a segunda da noite, parece corrigir a abertura com a bela “Everybody’s on the Run”, mas que não se revela boa opção para um início de show. Chama a atenção, com o dia claro, o cabelo cada vez mais grisalho de Noel, que responde a um fã ali pela grade mostrando a língua. O tempo passa para ele também? Nem tanto.O público também participa vestindo camisas oficiais do Manchester City, time que faz Noel vibrar feito cidadão comum, e do rival Liverpool. Antes mesmo de o show começar, uma turma só de barbados já cantava os grandes hits do Oasis no meio do povão. Isso só dá a medida da intensidade da cantoria em “Champagne Supernova”, a primeira do grupo a ser tocada, seguramente desprovida da pegada da versão original. De alguma forma, parece que Noel vê o brother Liam como o roqueirão e tenta manter uma imagem afastada disso. “If I Had a Gun”, de cunho dramático e que faz lembrar a triste passagem de Keith Emerson, na quinta (saiba mais), é a melhor entre as do disco de estreia. Razoavelmente conhecida, “AKA… What a Life!” vem a cola da ótima “Woderwall” e é a deixa para o tal momento lindo proporcionado com “Don’t Look Back in Anger”. Mais seguro e com a banda rodada, Noel Gallagher convence. Mas pode fazer mais.
Set list completo:1- Everybody’s on the Run
2- Lock All the Doors
3- In the Heat of the Moment
4- Riverman
5- The Death of You and Me
6- You Know We Can’t Go Back
7- Champagne Supernova
8- Dream On
9- Listen Up
10- The Mexican
11- Digsy’s Dinner
12- If I Had a Gun…
13- Wonderwall
14- AKA… What a Life!
15- Don’t Look Back in Anger
Tags desse texto: Lollapalooza, Noel Gallagher