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Na abertura para o Ira!, Wander Wildner deita e rola ao encontrar plateia entusiasmada com as várias fases de sua carreira. Fotos: Nem Queiroz.
Dessa vez, Wander Wildner está com um show que reúne grandes músicas do Replicantes, sua banda de origem, um clássico do punk rock nacional, e outras da carreira solo de punk brega que completa 20 anos (já?) este ano. E – o melhor – tem ao lado o ícone do rock gaúcho Jimi Joe e como banda de apoio (chique, não?) o trio Beach Combers, sucesso em todas as esquinas do Rio de Janeiro e sócio do Circo Voador. Não é de se estranhar que a abertura, com “Astronauta”, pesada como na versão original dos Replicantes, gere reações generosas de apoio por parte do público. Mas acontece que a adesão é ampla, geral e irrestrita durante todo a noite.
Só por ter composto “Sandina”, Jimi Joe já tem lugar garantido no panteão do rock brasileiro, e dá gosto de ver o veterano músico, canhoto como Edgar Scandurra, debulhando a guitarra com a simplicidade que o punk rock impõe. Se não bastasse o repertório das andanças de Wander, há homenagens aos gaudérios como “Amigo Punk”, verdadeiro hino do rock gaúcho, de autoria da Graforréia Xilarmônica, que recebe uma entusiasmada interpretação do músico, emocionado de verdade, não como adereço romântico-canastrão que lhe é peculiar. “Lugar do Caralho” é outro momento de embargar a voz. Mesmo que a música seja cantada por Wander Wildner há 20 anos, a lembrança da passagem de Júpiter Maçã (saiba mais) segue forte, e vale o destaque para a adaptação surf dos Beach Combers.
Boa parte das músicas do show está no álbum “Wanclub”, lançado este ano com a ajuda dos fãs, através do pagamento de cotas antecipadas, todas regravadas com banda (ele toca sozinho também) especialmente para a ocasião. Sem tocar guitarra ou violão talvez pela primeira vez como artista solo, Wander ainda desenvolve um duck walk punk brega ou uma dancinha brego-romântica que contribui para a diversão geral, e é uma delícia ver a moçada se divertindo com a rima de Daryl Hannah com bundona, da impagável “Eu Queria Morar Em Beverly Hills”. Ou na masturbação de “Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo” – alguém já viu Wander usando uma?O drama também se faz presente na comovente “Eu Não Consigo Ser Alegre o Tempo Inteiro”, triste que ela só, mas bacana, e “Surfista Calhorda”, decerto o maior hit do Replicantes dentro do universo mainstream oitentista, é cantado por quase todo mundo. O único senão por parte da plateia fica para a inexistência de uma roda de pogo durante o sensacional bis com “Festa Punk”. Mas aí também, esperar um comportamento punk rock/hardcore do polido púbico do Ira!, realmente seria demais. Melhor foi curtir o próprio Wander Wildner cantando “Bebendo Vinho” junto com Nasi, Edgard e cia na partida de fundo.
Set list completo:
1- Astronauta
2- Um Bom Motivo
3- Mantra das Possibilidades
4- Eu Não Consigo Ser Alegre o Tempo Inteiro
5- Sandina
6- Amigo Punk
7- Hippie-Punk-Rajneesh
8- Eu Queria Morar Em Beverly Hills
9- Rodando El Mundo
10- Surfista Calhorda
11- Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo
12- Um Lugar do Caralho
Bis
13- Festa Punk
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