Desastre anunciado
Encontro entre Claustrofobia e Torture Squad não acontece e bandas viram suporte para show cover do vocalista do Testament no Rock In Rio. Fotos Divulgação Rock In Rio/I Hate Flash: Renan Olivetti.
Se é pra fazer assim, por que não trazer o Testament para um show inteiro no Palco Sunset? E por que não dar para cada uma dessas bandas, com respectivamente 29 (Torture Squad) e 24 (Claustrofobia) anos de batalha no metal nacional, um show inteiro? Ora, se não couber todas do elenco de uma só edição, que deixem para aproxima ou a subsequente e assim por diante. Porque, de um modo geral, esses encontros propostos pelo terrível regulamento do Palco Sunset só funcionam em casos específicos, de tributos a gêneros ou artistas, e dificilmente em se tratando de heavy metal. Assim, cada banda brasileira tocou um tiquinho de tempo – divida-se 55 minutos por três pra ver quanto dá –, um despropósito com a história delas, e só restou fazer cover no final, o que não agrada nem a elas próprias, muito menos aos fãs de Testament.
Acontece que, em se tratando de heavy metal, em qualquer uma de suas vertentes, o público não quer nem saber: se está no pit é para pogar e abrir roda. É o que acontece assim que as pelhetadas de “Pino da Granada”, do Claustrofobia, que abre os trabalhos, começam a ecoar no vale da Cidade do Rock. A banda, bem ensaiada, sofre com alguns ajustes de som, mas logo engrena com pedradas como “Metal Maloka”, com passagens cadenciadas pesadíssimas, e “Peste”, mas aí o show acaba. Na vez do Torture Squad, o show começa com a entrada de uma mulher toda pintada de azul, simbolizando uma entidade hindu. Logo a vocalista Mayara Puertas, na banda desde 2015, aparece como grande destaque os shows, arrebentando em músicas como “Blood Sacrifice”, que tem ótima evolução de guitarra, e em “Horror and Torture”.
No desfecho de um palco confuso, Chuck Billy aparece com óculos escuros e toda a sua desenvoltura com o microfone para mandar três do Testament, com os músicos das bandas nacionais – repita-se – tocando como como banda de apoio. São elas “Disciples of the Watch”, que, talvez pela surpresa desencadeia uma agitação mais eloquente; “Practice What You Preach”, com Mayara mandando bem ao lado de Chuck, mas o público parece não conhecer a música; e “Electric Crown”, em uma versão aparentemente mais acelerada que a original. Nessa espécie de três em um mal enjambrado, quem se deu bem foi a Nervosa que, mais cedo, pode fazer um show inteirinho. Segundo consta, matou a pau. Que sirva de lição – para bandas e organização do festival - para os próximos anos.Set list completo:
1- Pino da Granada
2- Bastardos do Brasil
3- Vira Lata
4- Metal Maloka
5- Peste
6- Blood Sacrifice
7- Raise Your Horns
8- Horror and Torture
9- Disciples of the Watch
10- Practice What You Preach
11- Electric Crown
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