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Show com repertório e banda renovados de Joe Bonamassa agrada geral na perna carioca do festival Best Of Blues & Rock. Fotos: Daniel Croce.

O elegante guitarrista Joe Bonamassa liderando sua renovada banda no Best Of Blues & Rock, no Rio

O elegante guitarrista Joe Bonamassa liderando sua renovada banda no Best Of Blues & Rock, no Rio

O show é da banda de um afamado guitarrista, mas, súbito, o público se levanta das comportadas cadeiras para aplaudir de pé o tecladista, em um dos momentos mais emocionantes da noite. O decano, de idade avançada, não é novato nem nesta banda, mas tem história construída de longa data registrada nos cartórios do blues e do blues rock. Não por acaso a música, um clássico do blues, é a que cedeu o nome à sua banda mais famosa, mas que, curiosamente, nem vinha sendo tocada nos últimos anos, o que sugere um presente a mais para o público que enche com gosto o Vivo Rio nesta quinta (20/6). É assim que Reese Wynans, o tal tecladista, recebe as honras da casa durante a tal música, “Double Trouble”, no show arrasa-quarteirão de Joe Bonamassa.

A apresentação faz parte de espécie de perna carioca da edição desse ano do já tradicional Best Of Blues & Rock, e o comparecimento do público justifica a realização do evento na Cidade. O aplauso de pé citado ali em cima se refere à configuração da casa com mesas e cadeiras, o que de modo algum prejudica a emoção contida na noite, que teve ainda o show de abertura com Eric Gales (veja como foi). Bonamassa traz uma superbanda que, além de Wynans (integrante da banda Double Trouble, de Stevie Ray Vaughan) tem o reforço das ótimas cantoras Jade McCray – que arrasa em trechos solos - e Danielle De Andrea. Um diferencial em relação as outras passagens do músico por aqui (relembre em 2013 e 2012), e que cai muito bem para o repertório do disco mais recente, “Blues Deluxe Vol. 2”, que, assim como o primeiro, lançado há mais de 20 anos, na maior parte das faixas põe o guitarrista reinterpretando/atualizando clássicos, ou nem tão clássicos assim, do blues de raiz.

O batera Lamar Carter, as vocalistas Jade McCray e Danielle De Andrea e o tecladista Reese Wynans

O batera Lamar Carter, as vocalistas Jade McCray e Danielle De Andrea e o tecladista Reese Wynans

Disco que cede quatro músicas ao show, sendo três delas logo de cara, na abertura. “Hope You Realize It (Goodbye Again)”, a primeira delas, uma das inéditas do disco, é um blues rock moderno e atraente, cheio de riffs e solos em que já se destacam as evoluções de Bonamassa, de Reese Wynans, dedilhando um Hammond com ternura, e dos demais músicos, o que seria uma constante em toda a noite. Não chega a ser – thank God - aquele tipo de virtuose exibicionista, mas a técnica deles e o tipo de som que tiram cada qual em seu instrumento é mais um diferencial no show. “Well, I Done Got Over It”, de autoria de Guitar Slim, guitarrista de blues dos anos 1940, é outro destaque quando Bonamassa se dirige às laterais do palco para mandar aqueles solos que valorizam mais o riff original da música do que qualquer ímpeto pessoal.

Sempre na estica, com impecáveis ternos bem passados, Joe Bonamassa posa de ator canastrão ao flertar com o público sacando do rosto os óculos escuros, mas só fala na parte final do show, ao relembrar que estava há 11 anos ausente do País e para apresentar os músicos da banda. Em “Breaking Up Somebody’s Home”, de Al Jackson Jr., Eric Gales sobe ao palco para uma ótima improvisação, por assim dizer, em que até o guitarrista Josh Smith põe as manguinhas de fora, em sequências de mini duelos que mexem com o já receptivo público. “Love Ain’t a Love Song”, um blues rock pesado de Bonamassa, capricha nos riffs e nas idas e vindas instrumentais, em um desfecho realmente empolgante, incluído aqui a precisão e o bom gosto dos vocais de apoio – repita-se –, um ótimo diferencial na banda dessa turnê.

Joe Bonamassa debulha a guitarra em um dos lados do palco, uma constante durante o show

Joe Bonamassa debulha a guitarra em um dos lados do palco, uma constante durante o show

Outro é o repertório, com músicas mais recentes e praticamente inédito, em relação aos shows feitos pelo guitarrista no Brasil. Ou seja, sem os clássicos da carreia dele, mas que, dado tipo de som quem envolve o blues e o blues rock, e o fator cativação das músicas e performances, não representa problema algum – não tem quem peça essa ou aquela música -, muito embora o show seja mais curto; mas também é festival. A exceção é “Just Got Paid”, do ZZ Top e que de tanto ser tocada no arremate dos shows de Joe Bonamassa, atinge uma versão de mais de 14 minutos, com direito um tardio solo de bateria de Lamar Carter. A música meio que acolhe tudo que envolve as referências do guitarrista: blues, blues rock, southern rock, hard rock e por aí vai. Por isso recebe o aplauso geral, e de pé da plateia, satisfeita de verdade. Mas, pensando bem, até que o show poderia ser maior mesmo.

Set list completo

1- Hope You Realize It (Goodbye Again)
2- Twenty‐Four Hour Blues
3- Well, I Done Got Over It
4- Love Ain’t a Love Song
5- Self-Inflicted Wounds
6- I Want to Shout About It N
7- Double Trouble
8- Breaking Up Somebody’s Home
9- The Heart That Never Waits
10- Just Got Paid

Vista geral lateral do palco, com o baixista Calvin Turner no centro e Joe Bonamassa cantando

Vista geral lateral do palco, com o baixista Calvin Turner no centro e Joe Bonamassa cantando

Nota: a produção do festival não permitiu um posicionamento mais adequado dos fotógrafos.

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