O Homem Baile

Simpaticão

Falador, Eric Gales conquista público com guitarra apurada e improvisações no festival Best Of Blues & Rock, no Rio. Fotos: Daniel Croce.

Boa performance: o guitarrista Eric Gales faz do palco terreno fértil para sua criatividade fluir

Boa performance: o guitarrista Eric Gales faz do palco terreno fértil para sua criatividade fluir

O sujeito de boné que lhe esconde a face, com cordões típicos do rap e do hip hop e dentes de metal adentra o palco doido para interagir com o público. Se apresenta e fala bastante, afinal, embora venha o Brasil com alguma frequência, pouco passsa pelo Rio de Janeiro. Com a guitarra em punho, lá pelas tantas toca uma música que apresenta como “importante pra mim”, e, do nada, começa a esmerilhar a guitarra para entusiasmar o público que, comovido, aplaude de pé. Canhotinho, chama atenção pela habilidade nas seis cordas – mais do que com as palavras – e é assim que a plateia do Vivo Rio se rende ao blues rock de Eric Gales, na noite desta quinta (20/6).

A música é “Too Close to The Fire” e faz parte do álbum mais recente do guitarrista, “Crown”, lançado em 2022 e indicado ao Grammy na categoria “Melhor Álbum de Blues Contemporâneo”. Começa como um blues lento, dedilhado, e, como quem não quer nada, logo se converte em uma porrada das boas que abre caminho para os solos de Gales. A banda que o acompanha tem a própria esposa, LaDonna Gales, como percussionista, em um kit amplo que é praticamente como se fossem duas baterias tocando ao mesmo tempo, conferindo ainda mais peso à apresentação. Outra desse disco é “Put That Back”, que muda de figura sem os metais da gravação do disco, mas ganha em peso e realça o riff de guitarra. O que reforça que, com Gales, no palco é tudo diferente.

O show faz parte faz parte de espécie de perna carioca da edição desse ano do já tradicional festival Best Of Blues & Rock, sendo que o apresenttação de fundo é de Joe Bonamassa, do qual Eric Gales também participa em uma música (veja como foi). Deixa perfeita para o guitarrista mandar “I Want My Crown”, um blues clássico e modernizado ao mesmo tempo, que tem a participação de - adivinhem – ele mesmo, Joe Bonamassa, em música e videoclipe. Evidentemente, bem diferente da original, com longos trechos instrumentais. Comunicativo, Gales quer provar que sabe falar português e solta um “do caralho”, expressão pela qual a partir dali passa a ser chamado carinhosamente pela plateia, a essa altura já amplamente convertida ao guitarrista.

Eric Gales conversa com o público, a frente de sua esposa, a percussionista LaDonna Gales

Eric Gales conversa com o público, a frente de sua esposa, a percussionista LaDonna Gales

O tempo urge, a apresentação é curta e o desfecho vem com “Voodoo Child”, de Jimi Hendrix, reconhecida já em meio primeiro acorde. Só que não é só uma cover ordinária, mas a oportunidade para aquela improvisação de Gales que inclui passagens reconhecíveis de música erudita (Beethoven), AC/DC (“Back In Black”), Led Zeppelin (“Kashmir”) e o que der na cabeça dele na hora. O que inclui mais guitarra sendo esmerilhada o tempo todo, mas com o peso imposto pela boa banda e a noção de que antes vêm as músicas e a criatividade do guitarrista, que faz do palco terreno bastante fértil. Nada mal para uma apresentação de abertura de um artista ainda não tão conhecido por aqui.

Set list completo

1- Smokestack Lightning
2- You Don’t Know the Blues
3- Put That Back
4- Steep Climb
5- Too Close to The Fire
6- I Want My Crown
7- Voodoo Child

Nota: a produção do festival não permitiu um posicionamento mais adequado dos fotógrafos.

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